quinta-feira, 5 de julho de 2012

30 anos de Sarriá





 Grandes amigos, hoje, 05 de julho, completa-se 30 anos da partida Brasil 2 x 3 Itália na Copa do Mundo de 1.982. 

Após o Maracanazzo da Copa de 50, esta partida  é considerada uma das piores derrotas do Brasil em uma Copa do Mundo.

E o Blog pegou depoimento de oito pessoas para falar sobre a seleção canarinho de 82, sobre a Copa em si e claro sobre o jogo do dia 05 de julho

Roberto Pimentel, fã daquela seleção, fala da tristeza no dia do jogo, Guilherme Ortigoza, Ronaldo Lucio e Fabio Baraldi, amantes do futebol, trazem textos muito bons sobre a seleção e o futebol, Doriva Bueno, ex técnico do XV de Jaú fala sobre a seleção de Telê, o radialista Sergio Souza Gomes faz uma leitura diferente da Copa de 82, o craque Laerth Maziero faz um texto estupendo sobre a trupe de Zico e Sócrates e o futuro do futebol mundial. 

E a matéria começa com o ex-goleiro Marolla. Marolla foi o quarto goleiro da seleção de 82. Estava lá dentro. 

Marolla



Também  participei daquela Copa. Estive nas Eliminatórias em 81 em todos os jogos e fui para Copa como 4º goleiro. O Valdir Peres do São Paulo como titular e eu na reserva em toda a Eliminatória. E para Copa o Carlos da Ponte Preta como seu reserva, o Paulo Sergio do Botafogo do Rio como 3º e eu como 4º.




Lembro-me em que nas Eliminatórias conseguimos muitas vitórias devido ao nosso talento. Também com Zico, Sócrates, Falcão, dentre outros pudemos superar á todos, vencíamos fora do Brasil e principalmente aqui.

Lembro-me de um jogo em La Paz na Bolívia onde havíamos tomado o famoso chá de coca um dia antes e diziam na época que fazia mal. Fomos para o jogo, estávamos perdendo por 1 x 0 e acabamos virando 2 x 1 com gols de Sócrates e Reinaldo no segundo tempo. Ai falávamos que foi o chá q tinha feito bem para nós. Na época com o Sr. Têle ficamos 15 dias em Quito (Equador) para nos adaptarmos a altitude e quando chegamos em La Paz não sentimos nada. Para você ver que já na época nos preocupávamos com tudo.

Tínhamos um time imbatível, que vencíamos á hora que quizéssemos e por surpresa naquele dia saimos perdendo, dp empatamos e achávamos q ganharíamos á hora q quiséssemos, mas por surpresa acabamos sendo surpreendido com um gol no final e não tivemos tempo p virar.



Lembro-me que no vestiário após o jogo ninguém conseguia entender o que tinha acontecido Achávamos que no próximo iríamos vencer, ficamos tão atordoados que não percebemos que havia acabado ali. Todos falavam no próximo jogo não podemos perder, temos que ir para cima, vamos mostrar á eles q somos, mas infelizmente tinha acabado ali, sem chances para revanche, sem maneira de mudar ás coisas, totalmente perdidos.

Foi uma lição muito grande que todos nós aprendemos, tanto jogadores, torcedores, imprensa q nem sempre o melhor vence e descobrimos q até hj isso é válido.



Bem, foi mais ou menos isso q aconteceu com aquele timaço, éramos amigos, companheiros, brincávamos toda hora, éramos um família realmente e que poderia ter sido premiada com o título, mas não deu, ficamos realmente chateados por tanto potencial, talento junto e não conseguimos nada, até hj isso vem na lembrança, mas nada podemos fazer agora, apenas q foi á melhor seleção de todos os tempos, mas q não ganhou.

Eu tinha 19 anos na época e fui o goleiro mais novo no Brasil a ser convocado p á seleção principal, se não me engano esse feito é válido até hoje.


Guilherme Ortigoza



Injustiça! Divisor de águas no futebol mundial! Se tivesse outros 10 jogos o Brasil ganharia todos! Paolo Rossi não poderia ter jogado! Enfim, são várias formas apaixonadas de tentar explicar àquela triste derrota da famosa seleção canarinho na copa de 82!

Como falar de futebol é um assunto que todos nós pensamos que dominamos, prefiro então me ater as minhas lembranças.


Lembrar da copa de 82 é voltar a minha infância, é lembrar da família toda reunida na casa dos meus avós, tios, primos, todos a frente da TV para ver o Brasil jogar!

Meu pai havia confeccionado bandeiras verde-amarelas para todos os primos, assistíamos sentados no chão da sala com elas na mão, pronta para serem erguidas com orgulho! A cada vitória saímos em carreata pelo centro, mais bandeiras, rojões, buzinas! Que maravilha!



Mas a maior lembrança dessa copa é sem dúvida a coleção de figurinhas do álbum de chicletes do Ping-Pong! Quanto juntar moedas e gastar tudo nesses chicletes, nem mascávamos mais, era tudo pra completar o álbum! Oh como foi difícil tirar o Roberto Dinamite!

Enfim, aqui vai um relato de um amante da bola, que no fundo não quer lembrar do lado triste da coisa, porque pra falar a verdade eu torço todas as vezes que assisto o tape desse jogo! Maldito Zoffi naquela cabeçada do Oscar!!!

 
Serginho Souza Gomes





Cerezo entregou o ouro e o Brasil voltou mais cedo prá casa



Lá se vão 30 anos do dia em que em que os nossos galácticos, sob o comando de Telê Santana,  deram ao mundo, o exemplo de como se perde uma Copa.

Jogávamos o passaporte para a decisão, diante da seleção italiana que vinha de três empates na fase de classificação e tinha um tal de Paolo Rossi, que acabara de sair da cadeia por envolvimento com a máfia da loteria esportiva do seu país.

Tínhamos do nosso lado, Waldir Peres, Leandro, Oscar, Luizinho, Junior, Falcão, Zico, Sócrates, Serginho e Eder.  Vínhamos de vitória por 3 a 1 sobre a Argentina de Maradona e um empate nos colocaria em condições de sonhar com o tetra.



Contudo, quando o Brasil pisou o gramado do Estádio Sarriá, na Espanha, naquela tarde de 5 de julho, com Cerezo no lugar de Batista, vetado pelo departamento médico, confesso que torci o nariz de preocupação.
E não deu outra: na primeira saída de bola da defesa pro ataque, o “grande” Toninho Cerezo errou o passe e o “bambino” enfiou a bola na rede brasileira.

O gol de empate não tardou a sair e quando tudo parecia caminhar a favor da classificação, o volante brasileiro cometeu outra besteira e novamente deixou Paolo Rossi à vontade para por a Itália em vantagem, de novo.



Antes disso, nos vestiários, Cerezo levou uma “dura” e derramou lágrimas pela primeira falha. Falhou de novo e obrigou a seleção a correr atrás do empate, outra vez. E não é que conseguiu?

O placar apontava 2 a 2, quando, pela terceira vez, Cerezo perdeu a bola e, num contra-ataque, que começou nas costas de Júnior, a bola foi alçada na grande área brasileira e caiu no pé de quem? Claro, do Paolo Rossi. E o que aconteceu? Gol...gol...gol...da Itália. O terceiro da “azurra” e, por incrível que pareça, mais um de Rossi.



Nossos galáticos fizeram as malas, arriaram a bandeira na entrada do hotel, prá pegar o avião e vir embora. Estávamos fora da luta pelo título. O “futebol do outro planeta” dançou o passo-doble no compasso da “tarantella” e adiou, de novo, o Carnaval de meio de ano da torcida brasileira.

O que me intriga e me coloca diante da possibilidade de “coisa armada” é que, pouco depois de consumada a desclassificação e terminada a Copa, o vilão Cerezo teve seu passe negociado com a Sampdória, da I Divisão italiana, onde atuavam vários jogadores do escrete italiano, inclusive o nosso algoz daquela tarde de 5 de julho.

Hoje, trinta anos mais velho, me lembro de uma paródia criada pelo conjunto Super Som T.A.que dizia assim : “que bonito é/ brasileiro estraçalhando/dando olé, improvisando, de firula e calcanhar/ Que bonito é/ Tarde de touro na Espanha/O Brasil tem essa manha/Tem gringo prá torear”

Lamentavelmente,  bancamos o touro e tomamos três espetadas. Ou três tirinhos suficientes prá matar os canarinhos do viveiro do Telê. E, tenho dito.

Fabio Baraldi




QUE A INJUSTIÇA SEJA DESFEITA



30 anos depois de 1982, a Copa da Espanha ainda é pauta de acalorados debates esportivos. E não por culpa da Itália, grande campeã da competição, mas por culpa da seleção brasileira comandada pelo mestre Telê Santana. 


Não acredito em injustiça no futebol. Considerando, evidentemente, a premissa de que não há dolo nos equívocos cometidos pelos protagonistas do espetáculo, incluindo nesse bolo a atuação da arbitragem. Mas se algum dia existiu injustiça no mundo da bola, foi em 5 de julho de 1982 no acanhado estádio de Sarriá, certo? Errado. 


Explico:

O cenário: Estádio Sarriá, Barcelona, Espanha. Um palco estupidamente pequeno para a grandeza das seleções, que somadas tinham 5 conquistas mundiais. 

Mas voltemos à suposta injustiça cometida pelos deuses da bola. 

O Brasil perdeu para Itália e não conseguiu ser campeão do mundo com uma das seleções mais extraordinárias de todos os tempos. A Itália, por outro lado, tinha uma boa equipe, sem o brilho brasileiro, mas com uma eficiência tática e defensiva que a credenciavam como uma das favoritas, apesar da primeira fase quase vexaminosa. Foram três empates que por muito pouco não custaram aos italianos a eliminação antecipada.

 

O Brasil, por outro lado, fez uma primeira fase perfeita. Com exceção da União Soviética, que tinha uma seleção respeitável, as demais seleções do grupo eram medíocres. Contra os soviéticos uma vitória apertada (2 x 1), mas com brilho e domínio brasileiro. Os escoceses e os neozelandeses foram goleados e serviram como treino para aprimorar e entrosar ainda mais a seleção canarinho.

A verdade dos fatos é que o Brasil tinha uma seleção que encantava. Um meio campo formado por Falcão, Toninho Cerezo, Sócrates e Zico, além de Leandro, Júnior, Oscar, Serginho Chulapa e companhia. Desde 1970 o Brasil não tinha uma seleção tão técnica e entrosada como a de 1982.


Na segunda fase, o jogo contra a Argentina seria a prova incontestável dessa grande superioridade brasileira. Uma vitória espetacular. Os portenhos não viram a cor da bola. O crescimento da seleção era constante e parecia mesmo que o caminho para o título mundial era natural e inevitável.

Mas havia uma Itália preparada para surpreender no nosso caminho. Um time muito aplicado com um atacante, Paolo Rossi, em grande fase e um estádio pequeno que privilegiava um time com filosofia defensiva. Certo? Quase. 

É evidente que um campo com dimensões menores favoreceu a Itália, mas esse fator é muito pouco para determinar o insucesso brasileiro.

O Brasil precisava de apenas um empate para chegar as semifinais. Uma missão aparentemente fácil para uma seleção que vinha encantando o mundo. Mas um detalhe definiu a partida e não foi o fato de o Brasil ser um time extremamente ofensivo como disseram alguns ou tenha menosprezado a grandeza do futebol italiano como disseram outros. Um detalhe simples, banal e que encerra qualquer discussão ou debate acalorado sobre o assunto. O que determinou a derrota do Brasil foi um detalhe matemático. A Itália errou menos e acertou mais.



O Brasil foi ofensivo, criativo e alguns momentos, como no segundo gol, brilhante. Mas errou três vezes e isso foi determinante. A Itália por outro lado, não errou, ou quando errou soube se defender eficazmente. Os dois gols que tomou foram méritos exclusivos dos jogadores brasileiros. Não havia como evitar. O Brasil era imperdoável quando podia. E a Itália, embora não fosse brilhante aproveitou os três erros do Brasil também de maneira implacável e silenciou a torcida verde amarela.

Simples assim! A matemática dos acertos e erros decidiu o jogo e a sorte do mundial, pois mais tarde a Itália com todos os méritos levaria a Copa do Mundo. Com toda justiça é bom ressaltar!

 

Mas se serve de consolo, apesar do título dos italianos, são os brasileiros que são lembrados até hoje. Assim como aconteceu em 1954 com a Hungria ou 1974 com a Holanda. 

O futebol é um jogo, com variantes complexas, táticas variadas, mas no final quem decide é a matemática pura e simples. Os erros e acertos decidem o destino de vitoriosos e derrotados. Derrubam táticas e destroem seleções maravilhosas como o Brasil de 1982.

Doriva Bueno



Bom falar da copa de 82 é lembrar da nossa seleção .

Acho que naquele ano o Brasil tinha um time muito técnico que gostava mesmo de jogar futebol. Eu me lembro bem daquela copa, tinha 14 anos e estava começando a buscar perspectivas de ser um jogador de futebol.

Eu gostava muito do Zico e me inspirava nele.



 Acho que foi o meu primeiro choro por causa do futebol. Vejo que depois da Copa, o Brasil se tornou uma equipe de resultado, muito tempo sem conquista fez com que o nosso pais mudasse a maneira de jogar.

Exemplo disso é o Corinthians hoje, buscando o titulo a todo custo com um futebol totalmente defensivo mais eficiente. Falo muito pro meu filho sobre essa Copa.


Roberto Junior Pimentel



O dia 5 de julho de 1982  não vai sair de minha cabeça , o estadio "sarriá" foi demolido , mas a lembrança daquele time continua viva.

Tínhamos uma defesa muito técnica com Oscar – Luizinho,  com Edinho no banco. As laterais eram Leandro na direita e Junior na esquerda.

Meio de campo era sacanagem Cerezo-Falcão-Sócrates-Zico (precisa comentar esses caras). No banco era Batista-Renato-Dirceu-Paulo Isidoro.

No ataque (na minha opinião nosso ponto mais fraco), tínhamos o Serginho e o Éder. Mesmo com "esses limites" era fantástico ver essas seleção em campo. Eram jogadores muito hábeis com a bola. 



Jogavam sempre em busca do gol e do espetáculo sem menosprezar o adversário, ganhando ou perdendo oque prevalecia era única e exclusivamente o futebol, a arte do futebol.


Prova disso foi esta fatídica partida que perdemos para Itália e não ouve apelação por parte de nossos jogadores nem quando ouve a penalidade no Zico (não marcado pelo arbitro e o Zico mostrou a camisa rasgada, mas seus apelos não foram atendidos) . 



Ou até mesmo na partida anterior quando o Maradona covardemente fez uma falta violenta em batista, nós nunca entravamos em catimba dos adversários, essa era uma característica de todo time do Sr TELE SANTANA, perdemos a copa para uma seleção muito boa e num dia em os deuses do futebol "conspiraram" contra o futebol brasileiro e a favor do Sr Paolo Rossi, a Itália sempre prezou pelo sistema defensivo, o meio de campo da seleção italiana de 82 também era muito bom e o ataque teve o Paolo Rossi inspirado e o Conti seu companheiro de ataque jogava de mais

Meus olhos se encheram de água.

 
Ronaldo Lucio



ANTES DA COPA

Lembro muito de um personagem, do hoje apresentador Jô Soares, no seu programa semanal de humor, era o Zé da Galera, um torcedor apaixonado, que falava por telefone em um orelhão com o técnico da Seleção Brasileira.
 Ele pedia, implorava:
- “Bota ponta, Telê”



Nossa Seleção não tinha um ponta direita e Éder, não era um ponta esquerda de dribles e jogadas de linha de fundo, tradicionais dos pontas até então.
Por isso Zé da Galera insistia e repetia:
- “Bota ponta, Telê”

E Telê não pôs um ponta, porque Telê enxergava mais que nós, simples apaixonados
por futebol.

DURANTE A COPA



Nos jogos de bola, cada criança encarnava seu jogador preferido na hora que ia começar a peleja. Um garoto gritava:
- “Eu sou o Zico”
O outro:
- “Eu sou o Sócrates”
E havia os “eu sous” para o Falcão, Cerezo, Serginho. O garoto que tinha o chute mais forte se dizia o Éder. Quem sobrava no gol gritava que era o Valdir Peres e procurava repetir as defesas de pênalti, como as que o simpático goleiro carequinha, fez nos amistosos com a Alemanha.

O DIA 5 DE JULHO DE 1982



A imagem que mais me lembro deste dia, foi o gol de empate do Falcão.
Meu pai, diz que a imagem que ele tem deste dia, foi ao final da partida, duas lágrimas, descendo de meus olhos.

DEPOIS DA COPA



A Seleção de 82 encantou os adultos, não se ouviu mais “Zés da Galera” pedindo pontas. A Seleção de 82 encantou crianças que queriam ser Zicos e Sócrates (apesar de eu falar que queria ser o Serginho, porque ele era do São Paulo). A Seleção de 82 fez todos chorarem, a imagem mais marcante do dia 6 de julho, foi a capa do Jornal da Tarde, com o choro de um garoto com a camisa canarinho, que representou o choro de muitos (eu entre eles).

 O TIRA TEIMA




Antes da Copa de 2010, assisti o fatídico jogo novamente na integra, com olhos de adulto e com mais experiência, e pensei pouco antes: será que aquela Seleção era tudo isto mesmo? Ou aquele time maravilhoso era apenas a imagem que ficou na minha mente de criança, que vivia pela primeira vez a alegria de uma Copa do Mundo?

Comecei analisando friamente e vendo que aquela time era realmente diferente, fui me deixando levar pela emoção, comemorei novamente o gol de empate do Falcão, e torci para aquela cabeçada do Oscar, no finalzinho entrar. Mas a bola não entrou... Quem sabe um dia ela entre.

Enquanto isso minha singela homenagem para Waldir Peres, Leandro, Oscar, Luizinho, Junior, Falcão, Cerezo, Sócrates, Zico, Serginho e Éder. Após 30 anos, vcs continuam sendo lembrado pela beleza de jogar futebol.

O pior reflexo desta derrota, foi a história que é melhor jogar feio e ganhar. Isto matou a alegria do futebol.

Laerth Maziero



Nenhum ser humano que viu aquele jogo algum dia o esquecerá. Foi uma das maiores tristezas coletivas que eu já presenciei.

Eu poderia escrever um livro sobre este jogo, tal a infinidade de maneiras que o podemos abordar, seja no plano individual, nós, como seres humanos e nossos sentimentos, o que estávamos fazendo? Onde o assistimos? Com quem? e no plano coletivo: a expectativa criada e o cruel e enganador: “já ganhou”. E não esqueçamos, jogávamos pelo empate.

Para mim existem 3 grandes divisores de águas na história do futebol: 



A seleção de 58, que mostrou ao mundo, de queixo caído, o talento de 2 grandes monstros: Pelé e Garrincha, que diga-se como curiosidade e isto é lindo…nunca perderam um jogo juntos. Imaginem só, o Brasil nunca perdeu com os dois em campo.



A Laranja Mecânica da Holanda em 74 pelos seus aspectos táticos e inovadores.


 

E a derrota da seleção brasileira de 82. Vejam bem, não foi a seleção que mudou o futebol e para muito pior, depois daquela tarde ele nunca mais foi o mesmo. Foi a derrota. Incrível. 


Eu, particularmente tive muitas experiências pessoais com aquela seleção. Em 82 era jogador de futebol profissional e joguei várias vezes contra alguns daqueles jogadores. E o mais inacreditável, pasmem, treinei contra o time do Brasil. Eu jogava na Caldense e fizemos um jogo treino contra a seleção. Estive no campo contra eles. Vi lá de dentro o Sócrates chamar o Zico, ironicamente e irritado, de “Pelé Branco”. Rsrs…

Para mim pessoalmente, o resultado do jogo foi terrível.  Eu nunca gostei de contato, detesto homem suado, rsrs. Sempre joguei longe da confusão. Tinha jogo que eu saia limpinho, de calção branquinho. Era um jogador criativo e a mudança foi radical. Aboliram os criativos e passaram a jogar com jogadores defensivos. As equipes se transformaram desde as categorias de base. 



Deixamos de criar os números 10 depois daquele jogo. Tínhamos muitos camisas 10 no campo, era muita classe e ter muita classe ficou a partir daí visto como sinal de fraqueza defensiva. 


E ainda pior, criou-se a falsa sensação de que para ganhar tem que se jogar feio.
 
Relembremos que após aquela tarde nunca mais criamos um camisa 10 como os que já tivemos: Rivelino, Gerson, Tostão, Zizinho, Sócrates, Falcão, Zico e mais uma infinidade de monstros que criávamos nunca mais foi a mesma. Apareceram sim alguns grandes jogadores, mas camisa 10 como aqueles, jamais… 
 
E esses jogadores criativos são os que mais pensam no futebol… Dão o ritmo e a dinâmica do jogo. Mas eles são cada vez mais raros. 



A inteligência é frequentemente desprezada na vida e no futebol não é diferente. Os times ficaram menos inteligentes e o futebol ficou mais burro…

O Brasil parou aquela tarde, o futebol ficou triste naquela tarde e o futebol ficou feio depois daquele tarde. Perdeu seu esplendor. O resultado sobrepôs finalmente a beleza plástica e a coreografia do jogo.

O futebol ficou mais forte, menos sutil... Mais pesado, menos belo… Mais guerra,  menos coreografia. Ainda assim, sobrevive e continua a ser a mais bela “guerra maravilhosa de noventa minutos” do planeta.

Abraço a todos aqui de Portugal…

PARAFRASEANDO OS FILÓSOFOS DO FUTEBOL - SE ZICO - SÓCRATES - CEREZO - FALCÃO - JUNIOR - LEANDRO - DINAMITE - OSCAR - NÃO GANHARAM UMA COPA DO MUNDO -  AZAR  DA COPA DO MUNDO





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