Uma mês na Europa
por Paulo Soares e Bruna Lariane Gomes
Parada Alemanha
Pegamos um trem noturno de Paris a Berlim. Uma
experiência diferente, que nunca tínhamos vivenciado. Com a passagem comprada
por antecedência, não ficou caro. Durante toda a viagem, foram três noites como
esta no trem (Paris-Berlim, Berlim-Munique, Munique-Veneza). O preço total dessas três passagens, passando
por três países, ficou pouco mais de 500 Reais cada um (e a vantagem é que
nessas noites não tivemos gasto com hospedagem). Como compramos o lugar mais
barato do trem, a cabine tinha seis camas (couchettes), era um pouco apertada.
Mas nada mal para quem tinha caminhado o dia todo e precisava só de um cantinho
pra descansar algumas horas.
Acordamos dia 29 na capital da Alemanha. História
viva e preservada em cada esquina. Ficamos hospedados perto da Alexanderplatz,
região central para o turismo. O hostel St Christopher inn foi o melhor dos que
conhecemos. Bom atendimento, quarto grande, um ótimo pub animado embaixo. Além
disso, tem estação de metrô literalmente na porta. O único problema é que os
banheiros ficam no corredor e não nos quartos. Mas não tem erro. Em todos os
hosteis, ficamos em quartos para quatro pessoas. É bem tranqüilo. A melhor
forma de conhecer Berlim é a pé. Uma idéia é partir da Alexanderplatz (que tem
uma igreja milenar) e seguir em direção ao Portão de Brandemburgo (símbolo de
separação e reunificação da cidade).
Universidade de Einsten e Karl Max |
Nessa região estão vários pontos
interessantes, como a universidade Humboldt, em que Einstein e Marx
estudaram; a praça Bebelplatz conhecida pela queima de livros durante o nazismo
(lá existe um monumento interessante; colocaram um quadrado de vidro no chão e,
embaixo, está uma estante vazia, simbolizando que os livros foram queimados); a
linda Catedral e vários museus. Essas atrações ficam ao redor do Rio Spree e
formam bonitos cenários para fotos. Perto do Portão de Brandemburgo estão o
Tiergarten (parque considerado o pulmão da cidade), o bonito prédio do
parlamento, e o monumento em homenagem aos judeus vítimas do nazismo. O muro de
Berlim tem pedaços por toda a cidade, mas dois em especial merecem visita: a
galeria de artes no muro (chamada de East Side Gallery), com extensão de mais
ou menos um quilômetro; e a Topographie des Terrors, onde fica um pedaço do
muro conservado de forma original, inclusive com impressionantes inscrições
feitas pelas pessoas durante os anos de Guerra Fria.
Praça Bebelplatz |
Nesse lugar, existe também
um museu sobre o nazismo e foram feitas escavações que descobriram as fundações
dos prédios em que funcionavam setores estratégicos para Hitler. Só restaram
ruínas, pois foi tudo bombardeado durante a 2ª Guerra. Para chegar a este
ponto, é só procurar por outro lugar conhecido, o Checkpoint Charlie. Lá existe
uma cabine no meio da rua, bandeiras dos EUA e da União Soviética. Neste ponto,
algumas pessoas podiam passar de um lado a outro do muro, mas tudo muito
controlado. Repare que em vários lugares, onde não existe mais o muro, eles
fizeram uma marca no chão, indicando que o muro passava por lá. Museus em
Berlim são muitos, praticamente em todos os lugares.
Muro de Berlim |
O Sony Center também é um
lugar a parte. Além disso, para comprar, a região no entorno do Europa Center
tem muita coisa legal. Antes de ir a Berlim, o ideal mesmo é pesquisar, estudar
história, pra saber o significado de cada lugar em que você vai. A comida lá é
complicada. O que não falta é cerveja. Bebem muito, em todos os lugares. Tem o
tradicional joelho de porco e também o Curry Wurst (salsicha com muita
mostarda). No geral, nos viramos novamente com comida oriental e lanches. A
vantagem é que aqui praticamente tudo é mais barato do que nas outras cidades
pelas quais passamos. A diferença de preços é ainda maior quando falamos de
eletrônicos. A loja Saturn, perto da Alexanderplatz, é um paraíso de
eletrônicos. Tudo com preço baixo! Ainda na Alemanha, vamos pra Munique.
Para irmos de Berlim a Munique pegamos mais um trem
noturno. Em nossa cabine, estava um alemão, que disse estar indo a Munique para
esquiar, esporte que ele pratica desde os três anos de idade. O papo muito nos
interessou, pois não sabíamos que havia essa possibilidade perto de Munique.
Assim, tivemos que fazer uma pequena mudança de roteiro para tentar desfrutar
do melhor que a cidade tem a oferecer.
Bom, chegamos bem cedo, em um sábado,
muito frio, com poucas pessoas nas ruas. Vale um registro: no trem, quando
chegamos, o maquinista soltou nas cabines uma música para nos acordar. Era uma
versão para “Canta, canta, minha gente, deixa a tristeza pra lá...”. Dizia:
“Guten morgen, guten morgen...”. Interessante é que era no arranjo brasileiro,
samba! Segundo o nosso amigo alemão, a música é usada há muitos anos no país,
principalmente, para acordar crianças. Guten morgen significa bom dia. Obrigado
pelo aparte, mas vamos ao que interessa.
Ficamos no Hotel Dolomit. Fica bem
perto da estação de trem e a uns 15 minutos de caminhada da região turística da
cidade. Se bem que Munique é toda turística, com características próprias da
Alemanha, como aquelas casas com telhadinhos de duas caídas. Também existem
muitas construções medievais, igrejas milenares, praças agradáveis. Uma das
principais atrações é o prédio da prefeitura, conhecido como Rathäus. É
gigantesco, em estilo neogótico, parece coisa de filme. Sempre às 11h, turistas
do mundo inteiro lotam a praça em frente ao prédio para ver uns bonequinhos que
ficam lá no alto, em uma janela, e protagonizam danças típicas da Baviera. Não
tem nada de mais, mas é tradicional. O clima da cidade, em geral, é gostoso.
Aos poucos, as ruas foram enchendo e até o sol deu as caras por lá. Fomos então
até o Viktualienmarkt, uma área que fica ao lado da prefeitura e que reúne uma
das feiras livres mais tradicionais do país. Ela é realizada no mesmo lugar há
uns 200 anos. Muito cachorro quente, um hambúrguer caseiro tradicional da
região, um belo restaurante com frutos do mar e muita gente bebendo muito!!!
Eram canecas gigantescas e mais canecas gigantescas. Pra todos os lados!!! O
interessante é que em cada região do país, eles bebem cerveja feita lá mesmo.
Em Munique, por exemplo, a gente quase só encontra cerveja típica de Munique.
Bom, tínhamos dado um giro pelo principal da cidade e ainda era meio dia.
Decidimos, então, pegar o trem com destino ao segundo maior campo de
concentração do nazismo: Dachau, o maior na Alemanha. Fica a uns 20 minutos da
cidade e a entrada é franca.
Campo de Concentração Dachau |
Na entrada, em uma recepção, você já pode pegar um
mapa com uma guia, que vai dar uma orientação geral. Em determinados horários,
existem visitas guiadas, em diferentes idiomas. O clima é sombrio. O portão da
época preservado, os dormitórios, banheiros... Mas o mais impressionante fica
guardado para o final, lá no fundo do campo de concentração. É onde encontramos
a câmara de gás e os fornos em que cremavam os judeus já mortos e onde também
matavam queimados outros tantos. A Bruna mal conseguiu ficar lá dentro. Parece
existir uma carga negativa naquele lugar. Terrível, mas imperdível,
principalmente, para quem tem anseio por chegar mais perto da história que só
conhecemos pelos livros.
À noite, saímos passear em Munique, a pé mesmo. O
lugar mais tradicional é a cervejaria Hofbräuhaus. Uma pena foi que, quando
chegamos lá, por volta das 23h, já havia acabado a cerveja. Pelo menos foi a
desculpa que o segurança deu para fechar a porta na nossa cara. De volta ao
hotel, uma rápida pesquisada na internet e, tuchê!
Câmara de Gás |
Vamos até a estação de esqui
sugerida pelo alemão que encontramos no trem. Seria o nosso segundo e último
dia em Munique, então decidimos nos aventurar, conhecer neve, os Alpes alemães,
o ponto mais alto do país, com três mil metros de altitude, na fronteira com a
Áustria. Simplesmente inesquecível. Fomos de trem até a estação de Esqui de
Zugspitze, que tem como base uma cidadezinha chamada Garmisch. Já no caminho,
pela janela do trem, a visão era linda. Tudo coberto de neve. Pelo que lembro,
são uns 20 Euros para ir e voltar de trem e depois mais uns 40 Euros para
entrar na estação de esqui e passar o dia lá. Não é um passeio barato, mas é
imperdível. Uma imensidão branca, sem fim para os nossos olhos. Nunca
imaginamos que estaríamos em um lugar como este. Passamos o dia lá, chegamos a
alugar um carrinho para descer em uma pista. Aqui talvez tenhamos tirado as
fotos mais bonitas da viagem. Mas é hora de partir. A viagem ganha um ritmo
alucinante. Dois dias em cada destino. Haja fôlego! Agora, vamos pra Veneza.
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