João Luiz Woerdenbarg Filho, o velho Lobo fez 54 anos no dia 11 de outubro.
Lobão lançou ano passado uma biografia chamada 50 anos a mil. O Velho Lobo fala da sua juventude, de toda a sua carreira, de seus parceiros e desafetos.
Só para lembrar, Lobão foi baterista da banda Vímanas (junto com Lulu Santos e Ritchie), tocou bateria para Marina Lima, Luis Melodia, fundou a Blitz (ele inventou o nome) e depois partiu para a carreira solo e não parou mais.
Mas vocês lembram dos shows do Lobão em Jaú?
Eu acho que me lembro... Se não me engano foram três apresentações e com fases bem diferentes do artista.
Nos idos de 1.988, Lobão fez um show no Ginásio Dr. Neves. Era a turnê do disco Cuidado.
No palco, galera que já fez show no General, Rodrigo Santos no baixo e Kadu Menezes na bateria.
Eu fui no show.. Tinha doze anos. A abertura foi bombástica com a música Cuidado e dueto com Ivo Meirelles que fazia parte da banda.
Lobão entrou no palco de cadeira de rodas e dizem as boas línguas que caiu de moto na cidade de Jaú no dia anterior. Do meu lado, estava Vivian Alonso que futuramente se transformou em Shantall..
Só sei que essa fase do Lobão musicalmente foi a melhor. Shows apoteóticos com uma formação fantástica - Lobão - Rodrigo Santos - Nani Dias - Kadu Menezes - Ivo Meirelles e mais uma penca.
Depois do Cuidado veio o Sob o Sol de Parador, Vivo (um dos melhores discos ao vivo do rock nacional) e Inferno é Fogo.
Após o Inferno é Fogo Lobão se apresentou no Flávio de Mello. Já de cabelo curto, o cara tava começando a ficar ranzinza. Em 92 ou 93.
Lobão dividiu o palco com o Capital Inicial e com a banda jauense Skilo (formada por Spilari, Armando e Pedrinho Merlini). A galera do Skilo ou tinha gravado ou iria gravar músicas próprias em inglês.
No dia, Lobão foi à imprensa jauense e desceu a lenha de quem gravava música em inglês. Mas desceu a lenha.... Justo ele que tinha gravado no Cuidado a música No Money No change No Chance e por ironia do destino o Skilo (quando era Skilo sem Grilo) executava elas nos seus shows.
Mas a verdade que o show do Lobão foi bem mais tranquilo em relação aos outros. O Lobo já tava fazendo a transição para entrar na vida musical totalmente alternativa.
De 1.993 a 2.003, ledo engano, Lobão não voltou para Jaú. Foi a época em que rompeu com as gravadoras e lançava os discos pela internet, bancas de jornais e lojas de departamentos.
Aí em 2.003, Lobão faz um show no General bar. O músico veio no formato power trio.
Começou com sons experimentais.. Aos poucos os sucessos foram aparecendo, mas concentrou mais no bis mesmo. O cara tocou Me Chama com as duas mãos fazendo Fuck You.
Na verdade, a melhor parte do show foi no camarim. Como eu tinha dado pausa nos meus trabalhos na casa para estudar para a OAB (acreditem, é verdade), eu já estava com algumas latas na cabeça após o show.
Eu e uma galera engatamos uma conversa com o Lobão e ele já tinha feito algumas revelações do livro que lançou este ano, lá atrás. Claro que provocado, Lobão começou a soltar pérolas como :
- "A Rita Lee é dependente psicológica do Gilberto Gil"
- "E o Gilberto Gil é o Ray Connif. Grava Marley, Luiz Gonzaga..."
Sobre Herbert Viana:
- "O cara me imita faz tempo. Eu faço Me Chama, ele faz Me Liga. Eu faço Cena de Cinema, ele faz Cinema Mudo". Na verdade, ele falou algumas mais pesadas que não dá para falar aqui.
Sobre a saída da Blitz:
- "Eu saí da banda porque ela era muito juvenil".
Na minha opinião, o disco Cena de Cinema do Lobão e os Ronaldos é muito mais juvenil do que as letras picantes da Blitz.
E assim foi, uma verdadeiro tiroteio na Música Popular Brasileira e no rock nacional.
Perguntei pra ele se ele não gostava de nada (Não), você não gosta do Cabeça Dinossauro do Titãs (não). Ai ele olha na parede do camarim e vê uma assinatura do Scandurra - "Ssscandurra eu gosto"
A conversa começou a tomar um rumo mais áspero e eu indaguei ele sobre mesmo estando com a fase alternativa nova que ele não poderia renegar o que ele fez anteriormente (discos com clássicos do rock e da MPB para o resto da vida). A resposta foi um pouco mais áspera e eu acabei caindo fora do camarim bem decepcionado com a postura dele.
Mais decepcionado depois, quando em 2.007 grava o Acústico MTV com todos os seus clássicos, inclusive o Me Chama que ele tocou com os dedos médios para a galera e acaba se contradizendo totalmente no discurso do camarim quatro anos antes. Não deveria ter renegado...
Meu amigo Lique Gabriel viu um show dele este ano em Ribeirão e disse que o cara está bombando no palco.
Não adianta a gente renegar. Nós somos o que realmente somos e sempre o que há de bom na gente , que nós produzimos de melhor, acaba tocando a nossa vida.
Inegável a capacidade do Lobão como artista e workaholic. Continuo fã da música dele. Mas pára por ai também...
Mesmo assim, felicidades Lobo!!
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