O meu xará Moraes, o Moreira, faz show especial neste sábado só de músicas dos Novos Baianos com acompanhamento de orquestra.
O show "Moraes Moreira canta Novos Baianos" terá acompanhamento de orquestra regida pelo maestro Leon Halégua.
A apresentação acontece no Clube Hebraica em São Paulo e traz pro palco versões orquestradas de clássicos dos Novos Baianos como Preta Pretinha, Brasil Pandeiro, Acabou Chorare, Menina Dança entre outros
A minha admiração pelo grupo Novos Baianos começou em 1.997 quando comprei o ao vivo duplo Infinito Circular. Um disco com uma qualidade musical inigualável.
Mas o grupo surgiu no final dos anos 60. O grupo misturava frevo, baião, choro e rock ´n roll. Na década de 70, por alguns, os Novos Baianos foram chamados de banda de rock.
O time era de primeira: Moraes Moreira a voz e violão, Baby Consuelo (atual Baby do Brasil) e Paulinho Boca de Cantor nos vocais, Dadi no baixo, Jorginho Gomes na bateria e Galvão nas letras.
Em 1.969 Moraes Moreira se encontra com Tom Zé que era amigo de Galvão, começando a parceria e o embrião dos Novos. Baby, a única que não era baiana (nascida em Niterói) conheceu Moraes e Galvão em um bar em Salvador. Na sequência, Paulinho Boca de Cantor se unia aos três e por último, Pepeu Gomes, único músico da trupe, que após amadurecer o seu relacionamento com Baby acabou entrando definitivamente no grupo.
Do grupo Leifs, que se transformou em A Cor do Som, veio Dadi, contrabaixista e o irmão de Pepeu, o monstro na bateria, Jorginho Gomes.
Formado o time, o nome acabou surgindo pela coordenador do Festival da Record, em 1.969, em que a banda ia se apresentar com a música "De Vera" e na hora de anunciá-los, soltaram "Chama ai esses novos baianos. Ai o nome ficou.
Em 1.970, a banda lançou o LP "É Ferro na Boneca". O disco, que era de rock, não fez muito sucesso. Trazia como relativo reconhecimento, as músicas "De Vera" do Festival e "Colégio de Aplicação"
Com a desclassifcação da musica no Festival da Record, a banda resolveu mudar para o Rio de Janeiro.
Imagina toda turma morando num ap de quatro cômodos. Os caras passavam o tempo todo tocando e compondo.
Certo dia, eles estavam neste apartamento apertado e provavelmente, estavam fazendo alguma coisa errada e ilícita, quando surge do nada, um homem de terno e gravata escuro.
No ápice da ditadura militar, quando eles viram o senhor, começaram a jogar tudo pela janela, com medo de rodar com a autoridade presente. Quando abriram a porta, a Autoridade era nada mais nada menos que o ícone da bossa-nova João Gilberto, que chegou com seu violão para fazer um som com aquela moçada que estava começando.
Imagina só...
"João Gilberto foi se enturmar logo com os então frenéticos roqueiros e loucaços... Novos Baianos! Sem medo, sem preconceitos de qualquer ordem. Sem qualquer pretensão que não o contato humano com os — aparentemente — contrários, João foi recebido de braços e guitarras abertos por Joãozinho Trepidação, Baby Consuelo, Paulinho Boca de Cantor e o resto do time."
"Estávamos influenciados pelo rock, ouvíamos muito Jimi Hendrix, Janis Joplin, todas aquelas bandas dos anos 70. Mas foi ali, com o João Gilberto, que a gente acordou para o samba. Quando ele nos mostrou "Brasil Pandeiro", do Assis Valente – chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar o seu valor –, entendemos qual era a mensagem dele. Começamos a incorporar no nosso som o cavaquinho, o pandeiro, tudo isso, sem perder a pegada do rock. Era samba com energia de rock. Foi isso que fez os Novos Baianos chegar diferente. Fizemos o disco Acabou Chorare, foi um marco."
- Moraes Moreira
A partir daí, os Novos Baianos mesclaram as suas influências nordestinas, as pegadas de rock ´n roll de Pepeu e a total influência do samba e bossa nova de João Gilberto, os Novos Baianos fizeram um dos maiores discos brasileiros de todos os tempos - Acabou Chorare.
O disco foi considerado pela revista Rolling Stone o melhor álbum da história brasileira.
Na bolacha, Brasil Pandeiro, Besta é Tu, Tinindo Trincando, Menina Dança, Mistério do Planeta, Preta Pretinha e a faixa título Acabou Chorare.
"Telefonei para João Gilberto contando que estava fazendo uma letra " Acabou Chorare" sobre essa relação com a abelhinha. João me disse: 'Fenomenal! Eu estava falando com o poeta Capinan, e ele lembrava que a abelha beija a flor e faz o mel, e eu gostei e completei: E ainda faz zun-zun.' Perguntei a João: 'Posso usar isso?' E ele aprovou dizendo: 'Deve'. Não parou por aí, João contou-me que Bebel, sua filha, quando eles moraram no México, levara uma pancada [...] e ele, preocupado, acudiu com a aflição de pai nessas horas, mas Bebel reagira corajosamente e, na sua inocência de criança, falava uma língua em formação, acalmando-o:Não, acabou chorare." - Moraes
ACABOU CHORARE
Na pré e pós produção do Acabou Chorare, a trupe foi viver em um sítio em Jacarepaguá. Viviam em comunidade, de uma forma bem maluca para que sofria com regime militar nos anos 70.
Lá, gravaram o disco Novos Baianos F.C. O LP não alcançou o sucesso do Acabou Chorare mas foi considerado pelos fãs um dos melhores discos do grupo por trazer inovações.
Após, a pedido da gravadora, mudaram para uma fazenda em São Paulo para gravar o quarto cd. Mas os desentendimentos no grupo davam sinal de que os Novos Baianos não durariam muito com a sua formação clássica. Moraes Moreira partiu para carreira solo.
A partir daí, cada um foi saindo, enfraquecendo os discos futuros do grupo.
Em 1.978 os Novos Baianos acabam e cada um vai tocar sua carreira solo.
Os Novos fizeram poucas apresentações até que em 1.997 lançam um disco ao vivo chamado Infinito Circular. O show traz os grandes sucessos do grupo e novas composições, a formação clássica, e uma energia impressionante.
Eu conheci realmente a banda com o Infinito Circular. Além dos clássicos, a música Anos 70 é uma das minhas preferidas.
Esse cd ficou com o meu saudoso amigo Juninho Toledo. Tomara que ele esteja escutando lá em cima.
MÚSICA ANOS 70
QUE FIM LEVOU OS INTEGRANTES
Moraes Moreira saiu em carreira solo em 1.975 e até hoje tem uma carreira musical sólida. Gravou mais de 20 discos e emplacou sucessos como Pernambuco é Brasil, Pombo Correio, Lá vem o Brasil Descendo a Ladeira, Festa do Interior, Coisa Acesa, Canta Brasil, Sintonia entre outros.
Moraes Moreira é o motivo deste post, pois sábado agora faz show com músicas dos Novos Baianos orquestradas.
Baby do Brasil, a única não baiana dos Novos Baianos deixou o grupo em 1.977 e fez sucesso grande com o Menino do Rio de Caetano Veloso. Casada com Pepeu Gomes ainda emplacou sucessos como Sem Pecado e Sem Juízo, Barrados na Disneylandia, Todo o dia era dia de indio. Baby agora é pastora evangélica.
Paulinho Boca de Cantor não teve o sucesso de Moraes Moreira, Pepeu e Baby. Se destacou mais na cena independente. Em 1.981, o disco Valeu foi um dos mais vendidos na cena independente.
Fundou a ABAI (Associação Baiana de Artistas Independentes) e é pesquisador da história da música brasileira
Pepeu Gomes é considerado um dos maiores guitarristas do Brasil e já foi considerado pela Guitar World um dos dez maiores guitarristas do mundo. Emplacou sucessos como Eu também quero beijar, Masculino e Feminina, Mil e uma noites de amor, Raio Laser, Sexy Yemanjá e fez participações, no decorrer da sua carreira, em discos de Gil, Caetano, Elba Ramalho, Raul Seixas, Ednardo, Ney Matogrosso, Gal Costa, Baby, Daniela Mercury, etc.. E discos muito importantes.
Acreditem se quiser, mas Pepeu Gomes foi convidado para tocar no Megadeth e Living Color.
Dadi, após os Novos Baianos foi baixista do A Cor do Som, Barão Vermelho, fez parte do Tribalistas e acompanhou músicos como Caetano Veloso, Marisa Monte, Nando Reis, Ney Matogrosso. Rita Lee, Jorge Benjor. Até com Mick Jagger o homem gravou.
Sua última participação na midia foi na gravação da música O Pensamento é um imã da banda Vivendo o Ócio.
Jorginho Gomes é um dos maiores bateristas do Brasil. Com 15 anos o cara gravou o disco ao vivo BARRA - 69 - CAETANO E GIL AO VIVO. Saiu em 1.978 do Novos Baianos. Foi baterista de Gilberto Gil de 1.986 a 1.997. Gravou com uma galera também - Caetano, Marisa Monte, Sandra de Sá, Luiz Melodia, Erasmo Carlos, Tim Maia, Ed Motta. Em 2.007/2.008 fez parte da banda de Ana Carolina como baterista, backing-vocal e roteirista.
Luiz Galvão compôs quase todos os sucessos dos Novos Baianos, foi o grande apresentador do João Gilberto para a banda, publicou um livro sobre a história da banda "Anos 70 Novos e Baianos". Atualmente é poeta na cidade de Salvador.
FILHOS DE JOÃO, ADMIRÁVEL MUNDO NOVO BAIANO
Em 2.009, o diretor Henrique Dantas lançou no Festival de Cinema de Brasília, o documentário "Filhos de João, Admirável Mundo Novo Baiano".
O filme conta a história do grupo musical Novos Baianos. O filme se concentra em um dos períodos mais férteis e efervescentes da produção musical brasileira – final da década de 1960 – época em que o grupo eclodiu. Foi neste período que João Gilberto, recém chegado dos Estados Unidos, começou a conviver com os Novos Baianos, tornando-se uma espécie de guru.. Com extrema sensibilidade, e absoluta despretensão, transformou a mentalidade daqueles jovens irreverentes e mudou o rumo da MPB.
O filme tem a participação especial dos integrantes Moraes Moreira, Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor, Luiz Galvão, Tom Zé. Baby do Brasil não quis participar do doc.
“Eu podia embargar esse filme, mas estou deixando rolar. Fui procurada para participar de um trabalho universitário. Quando soube que isso virou um filme, disse ao diretor que precisaríamos conversar. Minha história não pode ser contada sem participação nos lucros”.
Azar o dela!!
A MENINA DANÇA - 1.972
A MENINA DANÇA - 1.997
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