segunda-feira, 30 de abril de 2012

Papo de Cinéfilo - Os Vingadores

Amigos e amigas, hoje o Blog estréia uma coluna. É o Papo de Cinéfilo, que será escrito pelo amante e conhecedor  da sétima arte - Daniel Esteves de Barros.



E na estréia, Daniel falará sobre o filme Os Vingadores. Divirtam-se:

PAPO DE CINÉFILO - OS VINGADORES
Por Daniel Esteves de Barros




Os Vingadores” era certamente o blockbuster mais aguardado dos últimos anos. Prova disso foi constatar a total lotação do cinema do Shopping Center daqui de Jahu, um aglomerado de expectadores que eu não via por aqui desde a estréia de “Piratas do Caribe 3…” (“Harry Potter 7.2…” não assisti aqui, mas sim em Bauru, o que me impossibilita de dar pitacos), em 2007, e que, sem sombra de dúvidas, verei novamente quando estrear, ainda neste ano (aos 11 de dezembro, pra ser mais específico), a primeira parte de “O Hobbit”.



Ao contrário da galera fascinada por HQs, porém, eu não me via nessa ânsia toda por “Os Vingadores”. Gostei dos dois “Hulk’s” – tanto o protagonizado pelo Eric Bana, quanto o protagonizado pelo Edward Norton – e gostei mais ainda de “Homem de Ferro 2”, mas não curti nadinha o primeiro “Homem de Ferro” (é, sou do contra mesmo), tampouco “Thor”, que achei extremamente mediano (pra não dizer chatíssimo). “Capitão América” já ganhou uns pontinhos por despir o seu personagem-título daquele ufanismo brega visto nas histórias em quadrinho, mas faltou muito feijão pro filme andar nos trilhos e dizer a que veio realmente, se não pra servir como uma espécie de trailer independente (assim como também aconteceu com “Thor”, só que aquela produção foi muito mais boicotada nesse aspecto) pra este “Os Vingadores”.



Eis que a projeção começa, muda rapidamente o meu pessimismo acima retratado e, logo em seus minutos iniciais, já testemunhamos o emprego de soberbos efeitos visuais que acompanham muita ação de primeira qualidade na destruição integral de um QG da S.H.I.E.L.D. Daí pra frente, os fãs de fitas de ação competentes poderão se deleitar com muitas explosões, pancadarias, super poderes devastadores, exércitos extraterrestres gigantescos, pirotecnia favoravelmente excessiva e muita, mas muita destruição mesmo (o “pega pra capar” em Manhattan tem que entrar pros anais da história do Cinema). Ah, e é claro que toda essa devastação não poderia ser trazida às telonas do mundo todo sem intercalar com um ou outro alívio cômico que, se estão longe de nos fazerem rir como um Groucho Marx ou um John Cleese o fariam (ok, não vamos exagerar também, né?), ao menos arrancam umas boas risadas durante a sessão, em especial as piadinhas do sempre boa praça (novidade, hein?) Homem de Ferro, Tony Stark (“___ Vocês se lembram da passagem bíblica de Jonas e a Baleia?” ou então “___ Venha comigo, Legolas!”).



Mas de nada adianta tanta ação se não tivermos uma direção habilidosa comandando isso tudo por trás das câmeras, concordam? Pois é, e se Joss Whedon não é o novo Jean-Luc Godard (tá, outra analogia exagerada ligando o universo pipoca ao universo cult, totalmente desnecessário, eu sei…), ou sequer “tá se lixando” pra revolucionar as convenções criadas pela linguagem cinematográfica ao longo de seus 97 anos de existência, ele ao menos abdica investir numa condução narrativa neurótica à lá Michael Bay e conta com a montagem eficiente de Paul Rubell para auxiliá-lo na rápida, mas sem frenesi, transição entre as participações solos e, em alguns momentos, grupais do Homem de Ferro, do Hulk, do Capitão América, do Thor, da Viúva Negra (Scarlett Johansson em uniforme de couro todo agarrado… suspiros… suspiros!!!) e do Legolas Gavião Arqueiro.



O grande destaque de Joss Whedon, a meu ver, fica, contudo, por conta dos ângulos que ele cria com a câmera para enquadrar certinho o traseiro da Scarlett Johansson enquanto ela conversa com Loki na prisãodo emprego dos travellings que acompanham a tensão e alternam o primeiro plano entre cada herói que participa de uma apreensiva disputa de egos, iniciada principalmente pelo Homem de Ferro e pelo Capitão América. Bola dentro do roteiro também que, ao menos, despe um pouco os seus “mocinhos” daquele exacerbado senso moralista de utilizar os seus super poderes exclusivamente em prol do bem-estar social, ao invés de se sobrepor à humanidade (e, vamos combinar uma coisa e sermos honestos uns com os outros, se tivéssemos super poderes, agiríamos como a grande maioria dos Watchmen, e não da forma que Os Vingadores e A Liga da Justiça agem). Pelo menos aqui rola uma certa inveja que torna os super-heróis um pouco mais naturais e verossímeis.


Falando em roteiro, aliás, eis aqui o ninho que aconchega as (nem tantas) falhas de “Os Vingadores”. Se temos um segundo ato acima da média e um terceiro ato eletrizante, o primeiro ato peca em larga escala (o que não quer dizer que seja necessariamente um primeiro ato péssimo, é apenas razoável) por conta de sua burocracia, que não permite com que a trama se desenrole com considerável fluidez.


Logo, a necessidade que o roteiro cria pra si mesmo de desenvolver uma introdução exageradamente explicativa, produz uma narrativa lenta e cansativa que só levanta vôo após o reencontro de Thor com Loki. E quando menciono que a narrativa “só levanta vôo após o reencontro de Thor com Loki”, na verdade, tô sendo é muito camarada com Joss Whedon (que, além da direção, assina também o roteiro do longa), pois deixo de lado a briguinha infantilóide envolvendo três dos principais personagens, em uma floresta. Isso sem mencionar no mais importante: o modo como o roteiro, a priori, faz com que Loki seja o vilão mais inofensivo de todos os tempos, levando vários minutos para proporcionar ao filho rebelde de Odin uma postura mais acometida.


No mais, os atores praticamente repetem os seus papéis que encarnaram nas produções anteriores, sendo Downey Jr. carismático até dizer chega, Evans apenas correto, Hemsworth indiferente ao resto da produção, L. Jackson e Hiddleston sempre roubando a cena e Scarlett Johansson gostos… digo… atriz boa… digo… boa atriz (na verdade, atriz meramente passável, ao menos nesta produção).


O destaque fica por conta mesmo de Mark Ruffalo, que se encaixa como uma luva no personagem Hulk, já que o seu tom de voz sossegado (e eis aí um dos motivos pelos quais se deve assistir a um filme legendado, e não dublado) e os seus trejeitos de sujeito grandalhão (apesar de o ator ter 1,75m) compõem perfeitamente as respectivas personalidades de Bruce Banner e Hulk.


É, pelo visto, a longa espera por “Os Vingadores”, amargada (ou não?) por vários fãs, valeu muito a pena. Mesmo.

Obs.: Creio que, das produções dentre as quais já assisti e que empregam a tecnologia 3D, “Os Vingadores” é a que faz melhor uso dela, apesar de ainda estarmos a anos-luz de atingir um patamar que me faça parar de encarar o 3D como mera jogatina marqueteira.

Obs. 2 (atualizado em 29 de abril de 2012, às 14h20min): Gostei bastante do uso do 3D em “Os Vingadores”, mas não justifiquei os motivos. Ocorre que, a tecnologia, aqui, não se preocupa necessariamente em ficar arremessando objetos na sua cara com frequência (embora faça isso aqui e acolá, prejudicando uma apreciação completa da obra), e sim em fazer com que alguns personagens, objetos e criaturas passem diante de seus olhos, dando a impressão de estarmos acompanhando o filme de dentro dele.



Avaliação: **** (Ótimo Filme).






Ficha técnica:
Título Original: The Avengers.
Gênero: Ação / Aventura / Ficção Científica.
Tempo de Duração: 142 minutos.
Ano de Lançamento: 2012.
Site Oficial: http://marvel.com/avengers_movie
Países de Origem: Estados Unidos da América.
Direção: Joss Whedon.
Roteiro: Joss Whedon, baseado em obra de Stan Lee.



Elenco: 

Robert Downey Jr. (Homem de Ferro / Tony Stark), Mark Ruffalo (Bruce Banner / Hulk), Chris Evans (Capitão América / Steve Rogers), Chris Hensworth (Thor), Tom Hiddleston (Loki), Scarlett Johansson (Natasha Romanoff / Viúva Negra), Samuel L. Jackson (Nick Fury), Jeremy Renner (Gavião Arqueiro / Clint Barton), Stellan Skasgard (Dr. Eric Selvig), Clark Gregg (Agent Phil Coulson), Cobie Smulders (Agente Maria Hill), Gwyneth Paltrow (Pepper Potts), Paul Bettany (Jarvis - Voz), Alexis Denisof (O Outro), Tina Benko (Cientista da Nasa), Jerzy Skolimowski (Georgi Luchkov), Kirill Nikiforov (Weaselly Thug), Jeff Wolfe (Tall Thug) M'laah Kaur Singh (Garotinha de Calcutá) e Rashmi Rustagi (Mulher de Calcutá).






Sinopse: 
Loki (Tom Hiddleston) retorna à Terra enviado pelos chitauri, uma raça alienígena que pretende dominar os humanos. Com a promessa de que será o soberano do planeta, ele rouba o cubo mágico dentro de instalações da S.H.I.E.L.D. e, com isso, adquire grandes poderes. Loki os usa para controlar o dr. Erik Selvig (Stellan Skarsgard) e Clint Barton/Gavião Arqueiro (Jeremy Renner), que passam a trabalhar para ele. No intuito de contê-los, Nick Fury (Samuel L. Jackson) convoca um grupo de pessoas com grandes habilidades, mas que jamais haviam trabalhado juntas: Tony Stark/Homem de Ferro (Robert Downey Jr.), Steve Rogers/Capitão América (Chris Evans), Thor (Chris Hemsworth), Bruce Banner/Hulk (Mark Ruffalo) e Natasha Romanoff/Viúva Negra (Scarlett Johansson). Só que, apesar do grande perigo que a Terra corre, não é tão simples assim conter o ego e os interesses de cada um deles para que possam agir em grupo. (Adoro Cinema).


The Avengers – Trailer:




2 comentários:

  1. Olá, Moraes, tudo bem? Gostei a iniciativa de incluir a coluna de cinema em seu blog. Gostei também da estreia, afinal, apesar das 4 décadas que acumulo na certidão, continuo fã dos quadrinhos da Marvel. Tentarei ser assíduo à leitura do Daniel. A primeira participação me agradou. Abraço e boas sessões da telona à todos.

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  2. Valeu pelo "conhecedor da sétima arte", Moraes! E valeu pelo espaço também! :D

    Grato pelo comentário, Paulo! Também tentarei ser assíduo ao hábito de escrever. :P

    Abraços!

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