Ai fiquei com vontade de falar de discos nacionais dos anos 70. Escolhi 10 LPs que considero importantes. E setenta mil discos ficarão de fora.
Vamos aos que escolhi de momento:
ACABOU CHORARE - 1972
Considerado pela Revista Rolling Stones em uma votação com jornalistas e especialista o melhor disco do Brasil. Não sei se é o melhor disco mas um play que tenha Brasil Pandeiro, Preta Pretinha, Besta é Tu, A Menina Dança só pode ser no mínimo entre os melhores da década de 70.
Só para constar, Novos Baianos eram Baby Consuelo, Pepeu Gomes, Moraes Moreira, Galvão e Paulinho Boca de Cantor. Não precisa dizer mais nada
SECOS E MOLHADOS - 1973
Só a capa já valeria. Mas não.. Secos e Molhados foi um fenômeno nos anos 70.
Este disco homônimo de 73 tem Assim Assado, Mulher Barriguda, Patrão Nosso de Cada Dia, O Vira, Sangue Latino, Rosa de Hiroshima, Prece Cósmica e a que eu acho mais bonita - Fala !!
Liderado por Ney Matogrosso, o Secos Molhados e este disco são considerados "verdadeira reinvenção da música pop nacional no início dos anos 70"
CLUBE DA ESQUINA - 1972
Liderado por Lô Borges e Milton Nascimento o disco Clube da Esquina é o nome do movimento da mineirada que fez sucesso total nos anos 70. Do movimento ,sairam Lô, Milton, Vagner Tiso, Flavio Venturini, Toninho Horta, Beto Guedes, Fernando Brandt entre outros.
O nome do grupo foi idéia de Márcio Borges (irmão do Lô) que ao ouvir a mãe perguntar dos filhos, ouvia a mesma resposta: "Estão lá na esquina, cantando e tocando violão."
No disco, duplo aliás, obras-primas como Cais, Trem Azul, Paisagem na Janela e Nada será como Antes e mais uma porrada de sons.
TRANSA - 1972
Assisti o documentário Canções do Exílio no Canal Brasil outro dia. O filme falava do exílio de Caetano, Gil, Mautner e Macalé em Londres. O doc. é fantástico.
Em janeiro de 71, Caetano teve permissão para vir ao aniversário de 40 anos de casado de seus pais. Na chegada ao Brasil, o músico foi interrogado por militares. A pauta da conversa era que Caetano precisaria compor uma música sobre a Transamazônica, na época sendo construída pelo governo militar.
Caetano, claro, não aceitou e compôs o disco Transa sob a produção de Jards Macalé. O disco tem clássicos como You dont know me e It´s a Long Away
FRUTO PROIBIDO - 1975
Dançar para não dançar, Esse Tal de Rock Enrow, Agora só Falta Você, Cartão Postal, Fruto Proibido, O Toque, Pirataria, Luz del Fuego e Ovelha Negra.
Não não não, o Fruto Proibido não é uma coletânea como Perfil, Minha História etc.. Todas as músicas foram compostas para o Fruto Proibido. Não precisa comentar mais nada né.
Só para registro, além de Rita, o Tutti Frutti era formado por Luiz Carlini (que não é possível que não seja pai de Beto Lee), Lee Marcucci, Franklin na bateria e contando com participação especial de Manito dos Incríveis.
ELIS - 1972
A pimentinha Elis Regina no de 1.972 estava no auge da sua carreira. Tudo que ela cantava e gravava virava estouro nas paradas. Dentre as grande qualidades de Elis, além da sua voz retumbante, era revelar grande compositores ao Brasil.
O disco Elis 1972 tem isso.
Com todas as faixas arranjadas por César Camargo Mariano, o disco começa com a música de Vitor Martins e Sueli Costa, 20 anos Blues, após Bala com Bala de João Bosco e Aldir Blanc (Elis passaria a gravar várias obras da dupla, dentre elas, Mestre Sala dos Mares e Bêbado e o Equilibrista).
O disco continua com o Nada será como Antes de Milton, Mucuripe de Belchior, Olhos Abertos de Guarabyra e Zé Rodrix e Vida de Bailarina de Chocolate. As duas próximas é nada mais nada menos que Águas de Março de Tom (em 74, juntos gravam um disco apoteótico também) e Atrás da Porta de Francis Hime e Chico Buarque em interpretação melancólica e inesquecível. Milton Nascimento retorna, na sequência, com o Cais e Ivan com Me deixa em Paz. Zé Rodrix marca seu nome na MPB com Casa no campo, penúltima música do disco que termina com o Boa noite meu amor de composição de Francisco Matoso e José Maria de Abreu. Dez anos após o lançamento desta obra-prima, Elis faleceu, em 1982, com apenas 36 anos de idade, causando grande comoção nacional.
"Neste país só duas cantam - Gal e eu"
LÓKI - 1974
Após Rita Lee sair do Mutantes e consequentemente da vida de Arnaldo Baptista, o mutante gravou um disco em 1.974, produzido por Roberto Menescal, chamado Lóki?. Arnaldo transparece todo o seu sentimento no disco fazendo uma obra-prima da música brasileira. Tristeza, infelicidade, decepção e arrependimento se vê nas letras do ex-mutante.
Nas palavras de Nelson Motta, "um álbum essencial para compreender a música brasileira".
Lóki é o mesmo nome do documentário sobre a vida do músico. Uma dos docs. mais emocionantes que já vi. Após tentar o suicídio em um hospital psiquiátrico, Arnaldo foi cuidado por uma fã de nome Lucinha. Essa tiete acabou virando a sua companheira da vida inteira maculando as feridas deixada por Rita Lee. Tenter baixar os dois: Loky ? (disco 1974) e Loky - documentário
Destaque do disco - Será que eu vou virar bolor, Ce tá pensando que eu sou Loki e Desculpe.
REFESTANÇA - 1.977
Refestança é um disco ao vivo da segunda metade dos anos 70 gravado por nada mais nada menos que Gilberto Gil e Rita Lee.
O show tem o acompanhamento da banda do Gil e do Tutti-Frutti com um integrante a mais - Roberto de Carvalho nos teclados e guitarra.
A gravação do disco é como se fosse uma retomada na carreira dos dois músicos que em 1.976 foram presos por porte de maconha.
O disco começa com a faixa-título Refestança. Após vem Proibido Fumar de Roberto e Odara de Caetano, as duas com versões peculiares. Ai vem duas do Gil - Domingo no Parque e Back in Bahia. No meio do show tem a música que Rita fez para o parceiro - Giló e na sequência Ovelha Negra cantada por Gil. Após, Eu só quero um Xodó de Anastácia e Dominguinhos, uma versão nacional da dupla para o clássico Get Back que virou De Leve e o show acaba com a sátira da Rita para a MPB setentista com o Arrombou a Festa "Ai ai meu deus, o que foi que aconteceu com a música popular brasileira"
O disco é um dos preferidos meus disparado de todos os tempos.
GITA - 1.974
Raul Seixas grava um disco com os seus maiores sucessos. Gita foi o disco que mais vendeu do Raulzito - 600 mil cópias.
O artista voltara do exílio e com a ajuda de Paulo Coelho grava essa pérola nacional com músicas como Gita, claro, Medo da Chuva, SOS, Trem das Sete, Loteria da Babilônia e Sociedade Alternativa.
A guitarra vermelha é uma provocação ao regime militar que o fez viver nos Estados Unidos
MANERA FRU FRU MANERA - 1.973
Esse disco foi o que me inspirou a fazer esse post, quando estava vendo a história dele no Som do Vinil
Primeiro disco do músico Fagner e um dos primeiros da dita invasão nordestina. O disco foi produzido por Roberto Menescal, teve coordenação de Paulinho Tapajós, arranjos de Ivan Lins e participação especial de nada mais nada menos que Nara Leão e Naná Vasconcelos.
O disco tem os clássicos Último Pau de Arara, Mucuripe do seu parceiro Belchior e que Elis imortalizou e Canteiros baseado de uma poesia de Cecília Meirelles. A música ainda teve citações de A Hora do Almoço de Belchior e Águas de Março de Tom Jobim.
Em 1.979, Fagner foi processado por plágio pela família de Cecília Meirelles. Sua voz estava em todas as rádios e televisões do País com a música Revelação. Mas uma bomba estava prestes a explodir: ''Fagner tem discos apreendidos''. O ''Jornal do Brasil'', edição do dia 30 de agosto de 1979, divulgava em primeira mão: ''Quatorze mil discos e 3 mil fitas cassetes, do cantor e compositor Fagner, foram apreendidos, em todas as lojas do Rio, por determinação do Juiz da 16a. Vara Cível, Jaime Boente. Ele concedeu liminar à ação de busca e apreensão impetrada por três filhas da poetisa Cecília Meireles contra as gravadoras Polygram, Philips, Polystar e CBS, 'por violação de direitos autorais com prejuízos morais e materiais'. Maria Fernanda, Maria Elvira e Maria Matilde Meireles alegam que duas poesias de sua mãe - Motivo e Marcha - estão reproduzidas em dois discos do cantor e compositor Fagner, nas músicas Quem Viver Chorará e Canteiros. Peritos designados pelo Juiz, reconheceram nas músicas as poesias de Cecília Meireles''. A partir daí um longo processo contra Raimundo Fagner começou a correr na Justiça, e somente terminou em 1999, quando a gravadora Sony Music fez um acordo com as herdeiras e filhas da poetisa Cecília Meireles para a regravação da canção, o que aconteceu em janeiro de 2000, em Fortaleza, no primeiro registro ao vivo das músicas do compositor cearense. O disco ''RAIMUNDO FAGNER - AO VIVO'', com Canteiros, foi lançado em fevereiro de 2000.
Bem amigos, ai está o registro de 10 discos nacionais dos anos 70.
Repito, não quer dizer que são os melhores, mas na minha concepção foram importantes para a história da música nacional.
Podemos citar aqui discos como Elis & Tom, Divina Comédia do Mutantes, vários do Caetano, a trilogia Refavela, Refazenda e Realce do Gil, Fatal da Gal entre vários outros.
Quem sabe mais pra frente faremos outra relação.
E aí, você já escolheu os dez discos nacionais dos anos 70 seus?
Abraço a todos !!!
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