E CONTRA FATOS....
Segunda, 28/02, foi o último dia da Rede Nossa Cultura.
Tendo em vista alguns acontecimentos nos últimos dias André Galvão, ontem, pediu exoneração do cargo de Secretário de Cultura.
Eu também pedi a minha exoneração do cargo de Diretor Administrativo da Cultura.
Aliás, desde janeiro, eu estava certo de sair após os trâmites administrativos do Carnaval.
Sairia por projetos pessoais e profissionais e principalmente, porque não acreditava mais no governo e no seu líder.
Desde janeiro de 2.009, a Secretaria de Cultura trabalhou tentando permear processo cultural para os quatro cantos da cidade. Nestes dois anos, houve um processo de democratização da cultura reconhecida nacionalmente por dirigentes que fazem da cultura sua inspiração e transpiração.
Isso incomodou quem não quer a cultura para todos e sim para meia-dúzia.
A partir de janeiro de 2.010, a Secretaria de Cultura passou por um processo de fritura e terrorismo total que partia, quase na sua totalidade, do Gabinete do Paço Municipal e dos arredores do FUSS.
Mesmo assim, a Cultura e sua equipe (mesmo sabendo da torcida contra do próprio governo), saía à campo e realizava, realizava, realizava, realizava.
Sem pé no ombro de ninguém, fazendo sua própria comunicação, cada um gastando o gás de seu carro e assim vai...
Cada fritura do governo e da imprensa, alimentada pelos membros degeneradores da administração pública, a Secretaria de Cultura fazia um gol de placa no calendário cultural jauense. Aí eles recuavam, fulos da vida.
E assim foi.
Até que em dezembro de 2.010, após conversa do prefeito com André Galvão, foi fechada a continuidade do projeto Rede Nossa Cultura.
(como participei de algumas reuniões com o prefeito na executiva do PV no decorrer do ano, pressenti que o cheiro de óleo da fritura não ia diminuir).
A equipe saiu de férias e todos voltaram no final de janeiro para planejar o ano e o Carnaval. Neste ato, comuniquei minha saída para o André, mas que ficaria até os trâmites das contratações do Carnaval, função que exercia na Secretaria.
Adentramos em fevereiro, lançamos o Carnaval e os boatos de que Jaci Toffano assumiria começaram a tomar um corpo muito grande. Insustentável!
No final da semana passada houve a confirmação que os boatos eram reais.
Jaci Toffano confirmou o convite e que já iria assumir agora.
Ainda mais, disse que o Prefeito já tinha comunicado tudo para o secretário de cultura.
Para ele, o prefeito falou que ia dar continuidade no projeto e para ela, ele falou que o secretário já tinha comunicado a sua saída e confirmado a ida para outro setor da Prefeitura.
Ontem, André não aceitou o cargo na Comunicação e comunicou sua exoneração final de tarde.
“Decidiram acabar com um projeto em construção de democratização da cultura em Jaú que era referência. Isso, para mim, é uma evidência de que o governo não possui compromisso com o desenvolvimento sustentável, com a cultura. Nem parece um governo do PV”
“Mas como posso trabalhar e construir informação sobre um governo que trata a questão da cultura da forma fútil como o caso em questão?”
Sinceramente, do Osvaldo Franceschi eu esperava. As atitudes do prefeito nesta primeira metade do governo estavam totalmente condizentes com o que aconteceu neste começo do ano. Uma pena porque em 2.008, a onda Jaú Cara de Nova encheu toda a cidade de esperança.
André, na campanha, destituiu e peitou gente que tava sacaneando na campanha. Foi peça importante para eleição.
Mas na verdade, o que espero de todo o coração é que José Paulo Toffano, pessoa com o qual peço voto desde 2.002 e que tenho apreço, venha a público desmentir todos os boatos de que a nomeação da irmã, aluguel da casa da mãe, entre outros interesses façam parte de um grande acordo com o objetivo de aproximação com o prefeito e conseqüente conquista do diretório do PV pelo líder do Executivo.
No racha Osvaldo-Toffano, André Galvão e a equipe da Cultura foram as únicas pessoas do governo que deram a cara a tapa na campanha de reeleição do deputado. Enquanto o prefeito pedia voto para Dr. Segura do PTB e Felix Sahiao do PT, a Cultura saía pedir voto na internet, no comércio e nos bairros da cidade, aparecia a noite no comitê para ajudar na embalagem de materiais para a campanha de José Paulo e por aí vai.
Tóffano precisa se posicionar. E caso isso não aconteça o PV precisa tomar uma atitude urgentíssima no seu diretório.
Mas essa história não acabou. Quem sabe em janeiro de 2.013 faremos a avaliação toda e o desfecho da história.
NOSSA CULTURA
Muita gente falava que nós fazíamos cultura para os pobres e não fazia para os ricos. As socialites discorriam, desesperadas, isso nos cafés do shoppings, nas choperias e na cantina do FUSS.
Na verdade, nós fazíamos Cultura para Todos.
Liderada por André Galvão, a equipe da Rede Nossa Cultura conseguiu atingir objetivos incríveis. Serei breve nos tópicos, mas vocês verão um dia o material completo. Pode esperar:
- Retomamos o Carnaval em 2.009, trouxemos a comunidade para o Centro Histórico levando todas as classes sociais para a passarela do samba. Sani, Cila, Maria Luiza IV, Jardim América, integrantes de blocos de clubes da cidade, universitários que ficaram para desfilar no Bloco da Bocada.
- Levamos para o Distrito de Potunduva, os premiados Carroça de Mamulengos, Furufunfun e Waldeck de Garanhuns do Circuito Cultural Paulista (normalmente espetáculos do Circuito se faziam no Teatro ou Sábado na Praça) e Tião Carvalho.
- O Pouso Alegre foi palco do Festival Caipira com Trilha do Saci, Ricardo Anastácio, Osni Ribeiro, Inezita Barroso, Pedro Bento e Zé da Estrada, se tornando marco no calendário cultural.
- Nos dois Julhos Culturais que fizemos, Arte por toda a Parte. Rodoviária, Teatro, espaços culturais, Praça Tancredo Neves, bairros, bares da cidade, clubes foram palcos dos espetáculos do Julho. Do hip-hop a música clássica.
O Julho Cultural 2.010 foi considerado o melhor de todos os tempos. Nada mais nada menos que: Jorge Benjor no Parque, Hermeto e Naná Vasconcelos no Teatro Municipal, oficinas musicais no Centro Cultural com os melhores instrumentistas do Brasil, Nelson Ayres, Flavio Guimarães, etc...
- Em 2.009 fizemos a primeira Conferência Municipal, discutindo com todos os segmentos culturais da cidade. Na Conferência Estadual, a delegação de Jaú foi a maior do Estado
- Revitalização do Cinema Municipal com entrada gratuitas e programação popular e diferenciada. Mais de 50 mil pessoas em dois anos. Três sessões e público recorde. Realização da 1ª. Mostra de Cinema de Jaú e a realização de um curta-metragem sobre o Criolando.
- Festival Literário Hilda Hilst. Incentivo a leitura, valorização do escritor local, lançamento de livros, intercâmbio com escritores e artistas de fora.
- Vitália em 2.009 na Estação do Som. Em 2.010, ficamos sem verba e os parceiros de 2.009 refugaram tendo em vista a administração atual.
- O Festival de Natal de 2009 teve atrações todos os dias no Jardim de Baixo, Pena Branca fez um dos últimos shows da sua vida em frente a Matriz, Continental Jazz, programação sacra nas ingrejas e trenzinho do Papai Noel em mais de 15 bairros em 2.009. Em 2.010 o Festival de Natal foi prejudicado pela falta de verba, mas fizemos a Mostra de Cinema, o Hilda e a Mostra de Bandas de Jaú, tudo em dezembro.
- A Semana do Patrimônio Histórico realizada em maio de 2.010 tornou a discussão da preservação do patrimônio na cidade como referência estadual.
- As oficinas do Nossa Cultura foram para outros lugares, além do Centro Cultural. Arqueologia e Educação Patrimonial no Museu, Hip-hop na Estação do Som, Desenho Cômico nos Cras e a Escola de Musica Heitor Azzi como formador de músicos. No Centro Cultural oficinas de blog, d.j., customização, arte com reciclável e primitiva. Oficina de técnico e iluminação de som. Várias oficinas de dança
- O Passeio no Cemitério, capitaneado por Julio Poli, virou coqueluche na cidade.
- Criamos o Domingo no Parque. Sucesso total de público
- O Sábado na Praça cresceu no Artesanato. De 12 barracas em 2008, foi para 45 no ano passado. Quanto a música, desfizemos a panela do Fabio Lopes e abrimos as atrações para todos os gêneros. Foi a maior democratização musical da cidade.
- Hip-hop - Nossa Cultura trouxe Afrika Bambaata, pai do Hip-hop Mundial, em Jaú. O segmento cresceu, ganhou oficinas e circulou com os elementos do hip-hop por toda a cidade.
- A Continental Jazz foi criada em 2.009 e tocou tanto para a nata da sociedade em eventos do Fuss e em prédios oligárquicos e para o todo povo no Parque do Rio Jahu.
- O Teatro Municipal atingiu público gigantesco. Mais de 80 mil. A nova regra de agendamento priorizou espetáculos cênicos e musicais públicos e particulares e não sucateou o teatro com favores políticos, formaturas e eventos desnecessários.
- Na gestão do Nossa Cultura, foram criadas as associações: Ames (música), Jau Caboclo (cultura popular), Hu-manos (hip-hop), Literatus (literatura), Criolando (cinema) e estruturação legal do Projeto Futuro Melhor do Maria Luiza IV. Com o suporte técnico (Carol Panini, diretora de Cênicas) e político (presença de André Sturm na Conferência Municipal de Cultura), o Circênico conseguiu o Ponto de Cultura perante o Governo do Estado e graças ao convênio do Carnaval, utilidade pública municipal.
- Intensificação de vários convênios e parcerias com Sesi, SESC Araraquara, Governo do Estado, Abaçai, entre outros..
Bom, provavelmente tenha esquecido de algo, mais um dia farei com calma um catálogo deste dois anos da Rede Nossa Cultura.
Mérito de toda a equipe, cada um no seu segmento, coordenada e liderada pelo secretário André Galvão, maior gestor cultural que essa cidade já teve.
Espero que a Rede Nossa Cultura não vire Nossa Elite.
E a gente volta.....
Moraes, seu texto é muito esclarecedor sobre tópicos que interessam à população e a quem faz Cultura. Parabéns pelo seu envolvimento sincero e de toda equipe. Da minha parte, só posso dizer que toda esta decepção já era esperada, mudei-me pra Jaú sabendo com o que estava lidando, políticos pra mim nunca foram pessoas confiáveis. Fazem jogo de retórica e na prática são sujos. Espero que uma equipe tão envolvida com arte e cultura possa se reunir de novo um dia ou seguir isoladamente, mas fazendo o que gosta e sabe fazer tão bem. O projeto e o processo de vcs sai vitorioso. Quem o nega é por outros interesses, números e fatos estão aí pra demonstrar, apesar das maledicências e dos penachos dos pavões e das peruas. Gostei da galeria de fotos, de ver população e artistas juntos, esta "magia" é irrefutável. Vamos em frente com aquilo que nos ilumina: inteligência, sensibilidade e arte. (Célia Musilli/ www.sensivelldesafio.zip.net)
ResponderExcluirEu te falei que essa gente era assim...
ResponderExcluirParabéns pelo ótimo trabalho e pelo lindo texto. Se me permitir vou reproduzi-lo em meu blog. Estou com vocês. Abraços
ResponderExcluirMoraezinho,meu particular amigo, permita-me dizer que acho um tanto quanto imprópria a sua colocação quanto à cultura dos pobres e cultura dos ricos. Isso tem um tom totalmente ideológico, soando até como preconceituoso . Sempre houve aqui, desde os tempos de Regina Rapisarda, passando por Lucy Rossi, programas culturais dedicados a toda população e com o passar do tempo, o leque de opções foi se abrindo cada vez mais. Sou assídua frequentadora de programas culturais "de ricos" e " de pobres" e já vi "rico" no jardim de baixo ouvindo moda de viola e também já vi "pobre" vibrando com a orquestra do Mestre João Carlos Martins no teatro. Todos os eventos culturais especialmente os gratuitos, sejam eles de que caráter forem, são abertos a toda população, sem distinção de classe social. E quem gosta de cultura, vai aonde ela está. Acho que depende muito mais de gosto por determinadas manifestações artísticas do que de distinções ideológicas ou sociais. Abração. Walcestari
ResponderExcluirblablablabla eu te amo!
ResponderExcluirque coisa mais bela de se ler...
ESPERO QUE NÃO VOLTE A SER NOSSA ELITE!
não me admira que Jahu ainda seja um feudo, com essas politiqueces acontecendo...
Nilson Rosa deveria ser o secretário desta pasta. Todo resto, é conversinha pra boi dormir e foto pro psiu, vem cá, do que estávamos falando mesmo? Ah!
Vocês fizeram um bom trabalho!
Alguns passos foram dados, que as ongs agora caminhem por suas próprias pernas e deem continuidade ao trabalho que o André iniciou.
Boa sorte nos seus empreendimentos pessoais.
Moraes, parabéns pelo texto. E parabéns a toda a equipe pelo trabalho de democratização real da cultura.
ResponderExcluirNa história recente de Jaú não me recordo de qualquer trabalho parecido, que contemplasse verdadeiramente a cultura popular e suas manifestações.
Infelizmente, o poder público não é tão público assim. Afinal, o interesse coletivo nem sempre é respeitado.
Desejo sorte a vocês e, acima de tudo, sorte a Jaú. Pelo jeito como andam vários setores na cidade, nós vamos precisar!
Moraes.
ResponderExcluirFizeram um ótimo trabalho. Só não percebe quem não quer ver. Ou tem inveja. Parabéns.
Abraço,
Mário.
Não preciso nem comentar, né Mora? parabéns pelo trabalho que fizeram...não tenho dúvidas que o povo de Jaú sentirá saudades. Quem perde tempo em frisar e cutucar os "defenestrados", é limitado ou tem inveja (até que fui educada). Beijo
ResponderExcluirValeu Moraes, você foi perfeito no texto.
ResponderExcluirNessa verdadeira quizumba em que se embrenhou o chefe do executivo, que vem cada vez mais poluindo seu governo com mandos e desmandos fora de qualquer cabimento, vocês foram íntegros, produtivos e acima de tudo leais a democracia e ao povo de Jaú. Durante todo esse tempo a Cultura esteve em boas mãos.
Mora, nem segura o povo brasileiro, valeu!
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