Na terça-feira, foi comemorado o Dia do Músico. Este dia é celebrado pelo simples fato de ser o dia de Santa Cecília, padroeira dos músicos.
Coincidência ou não, um dos maiores discos do mundo, o Álbum Branco dos Beatles foi lançado no dia 22 de novembro. Portanto, o White Album completou 43 anos de vida nesta semana.
E como o Blog do Moraes não deixa passar nada, pegamos textos fantásticos de músicos de Jaú e do estado que são fã dos Beatles.
Simplesmente imperdível. Confira o timaço:
Cesar Kiles
Foi o Paul Mcartney do Abbey Road, Just Beatles e atual do All You Need is love
Hoje fazem 43 anos do lançamento do famoso “White Album”ou Álbum Branco dos Beatles.
Ele foi lançado logo depois do revolucionário e colorido Sgt.Peppers Lonely Hearts Club Band e, até por isso, os Beatles decidiram deixar sua capa toda branca. O Lp original trazia apenas o nome The Beatles escrito em relevo. Trazia também 4 fotos e um poster com mais fotos e letras das músicas (que foi mais uma coisa que foi feita pela primeira vez pelos Beatles no álbum anterior).
Esse foi o único álbum duplo (salvas as coletâneas) lançado pelo grupo inglês e até hoje é considerado um dos melhores deles. O álbum branco mostra toda a versatilidade de cada um dos 4 Beatles, pois foi um disco que retratou a fase extremamente criativa do grupo, gerando uma quantidade muito grande de músicas, incluindo a primeira de Ringo Starr (Don't Pass me By).
Para quem ouve o álbum pela primeira vez e não conhece os Beatles, não acredita que todas as músicas são do mesmo grupo devido à grande variedade de estilos musicais no mesmo disco, que passa de Goodnight, Rocky Racoon a Helter Skelter, essa última, considerada por muitos o primeiro Heavy Metal da história.
Durante as sessões de gravação, eles chegaram a usar as 3 salas dos estúdios Abbey Road ao mesmo tempo, cada um gravando uma música. E o resultado não poderia ser outro: Sucesso total e, por ser um disco mais caro, costuma ser a peça faltante em muitas coleções.
O álbum foi citado até em filmes como Homens de preto, onde estão explicando que vai ser lançada uma nova mídia que vai substituir o cd e Will Smith retruca: Poxa, logo agora que acabei de comprar o álbum Branco!
Luciano Penedo
Vocalista, guitarrista e compositor do Gato Carteiro
O meu preferido dos Beatles. Porém não foi sempre assim.
Demorou um pouco pra eu entender o álbum e realmente apreciá-lo como ele merece. É triste ver que a parceria e a coletividade não existiam mais entre os integrantes, mas por outro lado, conseguimos enxergar as particularidades de cada um, suas influências e referências presentes nas canções. Mesmo com tantas diferenças o disco soa equilibrado: A acidez lúdica de Lennon, a doçura singela e saudosista do Paul, a guitarra mais " classuda" do que nunca de George e o bom humor de Ringo.
coleção Luciano Penedo |
Além de tudo isso, o disco tem vários rockões, nos mostrando que embora gênios reconhecidos mundialmente e em um ambiente cheio de desavenças, esses quatro caras são apenas jovens amigos que amam o rock’n roll!
Um disco lindo e maluco...assim como o rock deve ser!
Ronaldo Paschoa
Foi o primeiro John Lennon do Beatles Forever e é guitarrista do Rockover
Cada novo disco dos Beatles era um novo aprendizado pra mim e pra toda a galera ao meu redor. Aprendizado mesmo! Eu até estranhava, ainda estava contemplando o anterior, os anteriores e, de repente... pronto! Já tinha uma enxurrada nova de criatividade de alto nível pra lidar.
O “Álbum Branco”, como era chamado por nós foi completamente isso. Duplo ainda mais; ideias de todo tipo.
De cara Back In The USSR, um delicioso rock tipo “básico”, na voz do Paul empostada daquele jeito que só ele. Dear Prudence, John me pirou! While My Guitar Gently Weeps, meu pai mordia a língua de emoção quando ouvia. Depois de ouvir uma vez ele não parava de me pedir pra colocar a música a toda hora.
Happiness Is a Warm Gun tem um timbre de guitarra no solo que nunca mais ouvi alguém usar. Martha My Dear foi um convite pra eu e amigos tocarmos piano. A gente fez questão de reproduzir nota por nota e cada vez era um que tocava no piano lá de casa. Só que a gente “dava na trave” pra caramba. Um dia minha vó apareceu com um prato de bolinhos e disse pro cara que estava tocando – se eu te der um bolinho você para de tocar? (rsrs!)
Birthday; I Will; Julia e Mother Nature's Son eram as que mais tocávamos no violão pra galera cantar.
O disco 2 era mais, digamos, “diferente”. As músicas eram mais arrojadas em criatividade. Já ouvi muita gente dizer que o primeiro Heavy Metal foi Helter Skelter.
Bom, se a gente for falar de cada música, aí vai longe, então paro por aqui.
Viva os Beatles! Forever Beatles! Valeu garotos! Obrigado por tudo o que fizeram pela música!
Rafael Gianini
Vocalista e guitarrista dos Patrões
Eu sou fã dos Beatles, então sou um pouco suspeito pra falar do Álbum Branco. Pra mim, ao lado do Abbey Road, é o melhor disco da impecável discografia da banda. Simplesmente genial!
Sempre ouvi a respeito de uma lenda que diz que o álbum todo é uma sátira a vários estilos musicais. Se você ouvir o disco com isso em mente, vai notar que Back in the u.s.s.r é pura surf music, gênero "da moda" na época; porém sua letra fala da gelada União Soviética, das garotas de Moscow, etc... Yer blues é claramente uma piada , no bom sentido é claro , com a tristeza do blues. John Lennon repete várias vezes " yes I´m lonely, gonna die..." exagerando com seu característico senso de humor, o sentimento básico do blues.
Mas deixando isso de lado, o disco é uma aula de música, mostra a banda no auge de sua criatividade fazendo literalmente o que eles quisessem com a música deles!!
While my guitar gently weeps, com participação de Eric Clapton na guitarra solo, é uma das canções mais bonitas e emocionantes que já ouvi! Helter skelter é a primeira música realmente "suja" de que se tem notícia, acredito que hard rock, punk, metal e outras vertentes "pesadas" nasceram com a influência dessa música.
Belas canções acústicas também... O disco é fantástico!! Não é a toa que foi o mais vendido dos Beatles, com 19 discos de platina e até hoje é o álbum mais " cult " da banda.
Marcio Martins
Ex-guitarrista do Avisavizinha e Gato Carteiro
Lançado em meados de 68, época em que o cenário cultural, político e econômico estava fervendo, este álbum retrata o "começo do fim" da banda como banda. Porém, na minha opinião, todos atingiam seu auge criativo individualmente.
A simplicidade estética de sua capa inteira branca com o discreto nome da banda em relevo, contrasta com a viagem sonora do álbum.
A falta de unidade do álbum é evidente, visto que os integrantes estavam trabalhando paralelamente. Por isso é fácil viajarmos do folk de "Blackbird" ao petardo sonoro de "Helter Skelter".
Quando se é muito fã, como no meu caso, você começa a querer explorar cada vez mais as canções mais obscuras, e escutá-las até elas soarem como um hit. É assim que soa pra mim as faixas inspiradas de Jonh, destacando “Dear Prudence”, “Cry Baby Cry”, “Sexy Sadie”, “Happiness Is A Warm Gun” , as experimentais de George como “Piggies” e “Savoy Truffle”, as perfeitas canções de Paul, “Mother Nature’s Song” e "Birthday" ao tempero de Ringo em “Don’t Pass Me By”.
Tudo isso sem citar os clássicos como: "Revolution", “Back in the U.S.S.R.”, “While My Guitar Gently Weeps”... esse álbum, mesmo feito aos retalhos, é a mais perfeita prova de que não importa como, Beatles são Beatles em qualquer circunstância.
Junior Del Campo
Vocalista da banda Mavericks
Meu caso de amor com o 'Álbum Branco' dos Beatles talvez tenha sido meio tardio… Talvez eu tenha me 'apaixonado' antes pelo Sgt Peppers, ou pelo Rubber Soul…
Mas uma vez envolvido pela intensidade desse disco é difícil escapar da magia... e uma dica pra dividirmos essa 'intensidade' é colocando o 'álbum branco' pra tocar e ouví-lo através de fones… a mágica toma forma. Das guitarras rústicas e vocais rasgados de Birthday, passando pela 'nua & crua' Yer Blues, até chegarmos a melodia soberba e sensível de Mother Nature's Son…
Mas eles não param… onde mais beber da fonte pré-punk de Helter Skelter e torná-la confortavelmente ao lado de canções bucólicas, como Blackbird, ou simplesmente belas, como While My Guitar Gently Sleeps…
O 'Álbum Branco' traduz muito bem o que se define por 'momento de transição' que antecipa a 'desconstrução' de uma banda.
A profundidade musical e a variação de estilos é fenomenal neste disco… Melodias impecáveis, arranjos consistentes e dinâmicos… A impressão que se tem é de que a cada nova audição as músicas tornam-se melhor e melhor…
E o impacto disso é planejadamente 'suavizado' pela errática organização das faixas, que permite canções tão distintas portarem-se, lado a lado, como 'velhas amigas'…
Pode-se dizer que este disco traz 'algo' pra cada um… ou, pensando melhor, que provém de TUDO para todos.
Em suma, o álbum branco' pode não ser tão consistente e 'perfeitinho' como outros discos dos Beatles, mas certamente deixa um rastro sem paralelos na história da música popular mundial.
Mir de Oliveira
Professor do Conservatório Jauense de Música e considerado um dos maiores músicos da cidade
Eu comprei em São Carlos , vinil, numa viagem com meu pai. Lembro que era próximo do final do ano 1968. Eu tinha lido em algum jornal ou revista que os Beatles diziam que fariam algo surpreendente nesse álbum. O que?
Então, cada vez que eu pegava o Álbum Branco, eu tentava descobrir isso. E tudo era surpreendente. Era um álbum com dois discos com canções que a gente tinha certeza. Inteiro branco, o novo selo Apple que era o desenho de uma meia maçã verde, quatro fotos separadas com o rosto de cada um e um poster com fotos, desenhos, rabiscos e todas as letras. E o som.
Esse álbum era mono e no quarto lado, a velocidade da gravação ficava oscilando, mais rápido, mais lento. As canções eram emendadas umas com as outras, ou quase emendadas.
E cada vez que eu colocava para ouvir, era uma descoberta. Eu ouvia durante horas e ia me acostumando com o novo mundo, cada canção era um lugar diferente, mas era acolhedor e perfeito. A gente achava perfeito, tudo. A gente se sentia unido com todas as pessoas e acontecimentos. Nada era mais surpreendente. Mir. Jaú.
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