Quinta-feira estava perambulando pelos canais da tevê quando parei no Canal Brasil onde estava passando um documentário sobre a empresa de aviação Panair - Panair do Brasil.
Eu perdi o começo do filme onde se contava a história da empresa. Peguei mais quando começou a contar a história de que ditadura cassou os direitos da empresa poder trabalhar.
Simplesmente, como retaliação ao donos da empresa, suspenderam e cassaram os direitos da empresa e impulsionaram a Varig em 1.965. Forçaram a empresa, mesmo com um patrimônio vasto, a pedirem falência.
O fechamento total da empresa só se deu concretamente em 1968 , pela ditadura militar, durante o governo Castello Branco devido a ligações de elementos da ditadura militar com seus amigos da concorrente VARIG, favorecida e beneficiada com o fim da Panair.
Na época, 5000 pessoas ficaram desempregadas. No documentário, depoimentos dos filhos dos proprietários, ex-funcionários, jornalistas, artistas contando o fato.
Os filhos dos proprietários Paulo de Oliveira Sampaio, Celso da Rocha da Miranda e Mário Wallace Simonsen deram comoventes depoimentos.
A filha de Simonsen disse "Nunca mais piso no Brasil". Ele virou pra ela e disse "Filha, tenha ódio das pessoas, não do país. As pessoas vão mas o Brasil fica".
Mario Simonsen, além da Panair, era dono da TV Excelsior, Banco Noroeste entre várias empresas. O governo militar foi fechando todas as suas empresas, excetuando-se o Banco Noroeste.
Com a cassação, vários funcionários se suicidaram.
Segundo o jornalista Artur da Távola, no documentário, disse que a ditadura torturou, matou, exilou mas uma das piores armas dela era a violência jurídica que ela fazia também. Foi o que fizeram com a Panair com o pedido de falência da empresa que esbanjava patrimônio.
O documentário teve depoimento de Milton Nascimento e Fernando Brandt que compuseram esta obra prima cantada por Elis!
Após mais de 40 anos da paralisação mais de 400 funcionários se reúnem anualmente e fazem a reunião da Famila Panair.
Em 14 de dezembro de 1984, a família logrou êxito na ação movida contra a União Federal com a declaração pelo Supremo Tribunal Federal - STJ de que a falência fora declarada de forma fraudulenta, devendo a União Federal ressarcir a Panair. Mas já era um pouco tarde...
Ao contrário da Varig e da Vasp, que hoje dispõem de patrimônio líquido negativo, a Panair do Brasil tinha um acervo gigantesco que superava em muito o seu passivo, e isso ficou mais do que comprovado nos autos do processo falimentar. Ela era dona da Celma, uma avançada oficina de retificação de motores que é até hoje a maior da América Latina, e que atendia não apenas a Panair mas também outras empresas e a própria Força Aérea Brasileira.
Tinha hangares equipados com tecnologia de ponta, de nível comparável a países de 1º mundo, e uma rede de agências consulares instaladas nas mais importantes capitais européias. Também era responsável por toda a infra-estrutura de telecomunicações aeronáuticas do país e por boa parte dos aeroportos do Norte/Nordeste, que foram construídos com recursos próprios.
Tudo isso corrobora a violência jurídica que a ditadura fez com a empresa em troca de benefícios a Varig/Cruzeiro.
Uma das partes mais bonitas do documentário é a leitura do narrador do filme, Paulo Betti, da crônica de Carlos Drummond de Andrade, "Leilão do Ar". Infelizmente não achei o texto na internet.
Vale a pena conferir o documentário PANAIR DO BRASIL!!
Existe uma incorreção no seu texto: o patrimônio da Varig foi realmente avaliado como muito baixo, por exemplo um avião foi vendido no RJ no ano passado por meros R$ 15.000 o mesmo avião da VASP foi arrematado em R$ 115.000 e um outro rendeu ao atual proprietário a bagatela de U$D 2,000,000 em pecas, as instalações em todo o pais guardam um patrimônio avaliado em cerca de U$D 100,000,000 mas os eventuais compradores querem levar tudo de graça, inclusive agora se sabe que o pedido de falência da VASP foi fraudulento e a própria justiça reverteu a falência em recuperação judicial, entretanto todo o seu patrimônio foi sistematicamente dilapidado e desapareceu desde o seu fechamento, digo isto pois tenho direitos a receber e tinha esperanças de ser ressarcido durante a falência, com a reversão terei de me contentar com as migalhas que sobrarem, fazemos encontros anuais em SP e RJ, e nossos antigos colaboradores estão a frente das maiores empresas do Brasil, dando a dimensão da pujança da ex-aérea desfalcada pelo antigo dono e destruída pela incompetência dos gestores e da morosidade da (in)Justiça Brasileira.
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