O Blog do Moraes entrevista o jornalista jauense Paulo Soares que atualmente é repórter da Record Paulista. Acompanhe:
Blog - Olá Paulo, é um prazer estar contigo aqui no Blog. Quando e porque surgiu a vontade de ser jornalista?
Paulo - Era um sonho desde criança. Falava em um gravador, imitando locutores, e gostava de ficar ouvindo. Quando tomei ciência do papel social do jornalista, essa vontade cresceu ainda mais e passei a batalhar para que se tornasse realidade.
Blog - Faça um breve histórico da sua carreira jornalística?
Paulo - Logo no primeiro ano de faculdade (2004), comecei a fazer matérias para um site de jornalismo esportivo, o Futebol Interior. Mesmo escrevendo de graça sobre o XV de Jaú precisei insistir para que aceitassem minhas matérias. Foi a porta de entrada. Os textos eram lidos nas rádios, mesmo sem que as pessoas me conhecessem. A repercussão foi grande e passei a conviver mais com os colegas de imprensa. Fiz estágio no jornal Comércio do Jahu, trabalhei dois anos e meio na Rádio Piratininga e Jornal Gente e, nesse início de carreira, fiquei por mais de quatro anos na TV Local de Jaú (Canal 04).
Fui convidado para trabalhar no programa Fala Cidade, no SBT, onde permaneci mais dois anos e meio. Também fui assessor de imprensa do ex-deputado federal José Paulo Tóffano. Desde fevereiro deste ano, trabalho como repórter na TV Record Paulista e leciono no curso de Comunicação Social das Faculdades Integradas de Jaú.
http://www.youtube.com/watch?v=XkAsD5nZjXI
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Blog - Pela proximidade das pessoas, é difícil ser jornalista no interior?
Paulo - É uma situação, muitas vezes, embaraçosa. Como chegar em uma delegacia, ver que um colega foi preso, e fazer a matéria? Como se deparar com uma tragédia que envolva pessoas do seu meio e não se deixar envolver? Apesar de difícil, acredito que nosso trabalho, de forma geral, seja um treino diário em busca de isenção no ato de informar.
Blog - Pelas suas tradições, Jaú é uma cidade difícil de fazer jornalismo?
Paulo - Não pelas tradições. Todas as cidades têm suas peculiaridades e a gente aprende a conviver com elas. O maior problema de Jaú para o jornalista é o mesmo encontrado no interior como um todo. As condições de trabalho nem sempre são as ideais e a valorização profissional, muitas vezes, deixa a desejar. Acredito que a situação seja diferente apenas em grandes centros, como São Paulo.
Blog - Nas reportagens no SBT, você participava de perto dos problemas da população. Como o profissional consegue separar a condição da profissão com o problema convivido pelas pessoas na matéria.
Paulo - O jornalista convive diariamente com os problemas de diversas pessoas. Essa forma de atuar pela transformação social é o que há de mais gratificante na profissão. Para que a prática diária do jornalismo não seja prejudicada pelas emoções e opiniões do profissional, penso que seja necessário encontrar um ponto de equilíbrio, só alcançado com a experiência. Se por um lado precisamos de distanciamento para relatar os fatos, por outro a sensibilidade do jornalista no local dos fatos é o que traz o diferencial para muitas matérias. Confesso ser impossível ficar indiferente quando entro na casa de uma família em condição de extrema pobreza ou me deparo com injustiças cometidas contra idosos, crianças ou deficientes. Nesses casos, é necessário filtrar as informações, relatá-las na reportagem, cobrando soluções junto aos órgãos responsáveis. É esse o nosso papel.
Blog - Como está sendo trabalhar na Record?
Sou muito grato a todas as casas por onde passei. Em cada etapa, aprendizados diferentes. E na Record não está sendo diferente. Uma empresa grande, estruturada, com foco voltado ao jornalismo. É uma rede integrada, em que as matérias de maior repercussão são exibidas em nível nacional (rede). Isso é muito gratificante para o profissional.
http://www.recordpaulista.com.br/portal/noticias/6512
http://www.recordpaulista.com.br/portal/noticias/6512
Blog - Desde 2.006 temos a faculdade de Comunicação Social na cidade. O curso mexeu com a área na cidade? Até que ponto?
Paulo - A médio prazo, teremos um aumento na quantidade e qualidade da informação veiculada na cidade. Assim como os outros setores, o jornalismo precisa de qualificação profissional para crescer e se desenvolver de forma plena, o que nesse caso significa conhecer os diversos veículos, atuar com foco no interesse público. Os profissionais mais experientes aprenderam na prática, pois vieram de uma época em que praticamente não existiam cursos nessa área. Atualmente, não há tempo para isso. O jornalista precisa sair da faculdade com as bases da profissão muito claras em sua cabeça. Se comparado a outras cidades de mesmo porte, já vejo em Jaú um jornalismo profissional e a tendência é melhorar. Em Bauru, por exemplo, o primeiro curso de comunicação passou a ser oferecido em 1974. Em Jaú, a história na área é bem mais recente.
Blog - Você começou a lecionar na faculdade. Ledo engano, a matéria é Jornalismo Digital. Qual o grau atual de importância da matéria que você leciona na imprensa
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Paulo - O meio digital é o que mais cresce e tem um futuro muito promissor. A web é a alternativa aos meios tradicionais. Todo jornalista pode ter uma página para exercer sua profissão, já que em um único site é possível ter o texto, a foto, o vídeo, enfim, todas as mídias imagináveis. O custo é baixo e, se bem trabalhado, o retorno pode ser grande. Não acredito na extinção do jornal impresso pelas próximas décadas, mas em todo o mundo temos um crescimento no número de acessos a sites jornalísticos e, conseqüentemente, aumento nas receitas publicitárias. Em uma linha inversa vem o impresso.
Para se ter uma dimensão do alcance da web hoje, recentemente tivemos na Faculdade uma palestra com o jornalista Carlos Ferrari, do site globoesporte.com. Ele passou a informação de que uma única matéria chega a ter mais de um milhão de acessos.
Blog - Todo mundo sabe da sua paixão pelo nosso XV de Jaú. E aí, o Galo da Comarca tem jeito?
Paulo - Claro que sim. Vejo um desprezo por parte da Federação Paulista de Futebol, que repassa cotas ridículas aos clubes como o XV. Mas, ainda assim, é possível pensar em um futuro melhor. O José Construtor, atual presidente, fez um trabalho único de levantamento de dívidas e documentações do clube. Muitas contas foram pagas. Temos um belo estádio, que precisa de pequenas melhorias, e um nome conhecido em todo o país. Além disso, temos um patrimônio que faz inveja a quase todos os times do interior paulista: uma torcida fanática, que comparece aos jogos quando vê em campo um time competitivo. O Galo da Comarca, na Série A-2 ou A3, é um dos poucos que pode praticamente ser sustentado pela torcida, com a bilheteria. Aí me perguntam: mas e na Série A-1? É chegar e cair de novo? Talvez não. As cotas da Federação passam a ser grandes, o interesse de patrocinadores e empresários cresce, o valor do ingresso é alto e jogos contra times grandes lotam o estádio. Olhando apenas o momento, temos um XV pequeno e sem força, mas prefiro olhar mais longe e tentar ver um XV novamente forte, que nos enche de orgulho. Se o jauense não estiver ao lado do time que o representa, quem estará?
Blog - Como você está acompanhando as matérias sobre os investimentos e construções para a Copa de 2.014? Aliás, você concorda com a realização da copa no Brasil?
Paulo - Acho que o país do futebol tem todo o direito de receber uma Copa do Mundo. Mas a forma como o processo é conduzido me preocupa. Investimento público de mais em estádios e, até agora, poucas melhorias em transporte, segurança, enfim, outros setores que deveriam ganhar com a realização do mundial. Além disso, situações controversas: como explicar a construção de um novo estádio em São Paulo, enquanto já existia o Morumbi, com um projeto de primeiro mundo para sediar a abertura da Copa? E o pior é que o novo estádio tem recebido incentivos públicos, assim como outros, país afora. Isso tudo sem contar que temos no comando do futebol brasileiro um homem envolto em denúncias, no poder há anos, e com uma administração, no mínimo, questionável.
Blog - Qual o momento político atual da cidade e o que você espera para as eleições de 2.012?
Paulo - Vejo um momento político conturbado na cidade e encaro isso com preocupação. São denúncias que surgem todos os meses contra os poderes, sem que haja uma resposta satisfatória à população. O que eu espero para as próximas eleições em Jaú é um debate franco de idéias e projetos, que possibilitem o voto em candidatos que tragam real crescimento ao município, tanto do ponto de vista econômico, como social. Espero que sejam eleitos políticos que lutem pelo fim da vergonhosa especulação imobiliária, sejam capazes de traçar um plano diretor decente, e encarem com seriedade a aplicação de recursos públicos.
Blog - Paulo, foi um prazer conversar contigo. Diga para nós, Quais os projetos futuros do jornalista Paulo Soares?
Paulo - Neste momento, estou focado no trabalho que desenvolvo como repórter na Record Paulista e na oportunidade de lecionar nas Faculdades Integradas de Jaú. São serviços desgastantes, mas prazerosos, pois tenho a oportunidade de contribuir para a transformação de realidades, além de conviver com muita gente, aprendendo mais a cada dia, tanto sobre a vida, quanto sobre a profissão.
JOGO RÁPIDO
- Nome: Paulo Romeiro de Almeida Soares
- Idade: 26 anos
- Primeira matéria: Faz uns oito anos. Foi sobre o XV de Jaú.
- Melhor matéria sua: Fiz matérias com presidente, governador, cantores, bandidos, apresentei denúncias graves, mas gostei dessa matéria em especial:
- Jornalista do Brasil: Gérson de Souza
- Jornalista de Jaú: Paulo Cruz, José Henrique Teixeira, são vários colegas que merecem destaque.
- Ser jornalista é: com o perdão da palavra, considero um sacerdócio (do latim sacer, significa "sagrado", e dos, dotis "dom")
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