Ronaldo e o autor |
Ronaldo em toda sua carreira (estou falando do atleta e não do cidadão), só cometeu um pecado. Jogar no Corinthians. Claro que isso é veneno de Santista que viu o “Fenômeno” massacrar o Santos na final do Paulista em 2009 em plena Vila Belmiro. Na época, fiquei com o sangue na têmpora, quase explodindo de raiva. Acho que naquele dia trágico finalmente havia caído a ficha. Ronaldo ídolo de todos tornava-se Ronaldo do Corinthians. Mais um louco no bando, como ele sempre falou.
Evidentemente que o tempo se encarregou de baixar a poeira daquele momento de explosão irracional. Em 2009 o Corinthians ainda seria campeão da Copa do Brasil, o último momento de gala de Ronaldo.
Quase dois anos depois de intensa agonia, Ronaldo finalmente entregou os pontos na tarde de 14 de Fevereiro de 2011, decidindo se aposentar. Uma decisão que não foi surpresa. Já algum tempo o corpo do multicampeão já sinalizava que o fim estava bem próximo. E o que deveria ocorrer no final de 2011, acabou sendo antecipado, muito por culpa do fracasso corinthiano na Libertadores, mas também diante do esgotamento do fenômeno na luta diária com suas limitações físicas.
Ronaldo visivelmente emocionado, declarando amor ao futebol e a torcida do Corinthians, disse que aquele momento era comparável a morte. Era sua primeira morte. Mas eu digo que não e explico: Ronaldo já morreu várias vezes durante sua carreira e sempre ressurgiu, renascendo como a fênix para encantar os apaixonados pelo futebol.
Ronaldo morreu em 1998, pouco antes da final da Copa, quando inesperadamente foi hospitalizado com crises convulsivas horas antes da decisão com a França. O corpo de Ronaldo voltou para o jogo, mas sua alma não estava ali. Seria o fim? Ronaldo estaria doente? Nada disso, o fenômeno voltou e foi brilhar na Inter de Milão.
Sua alegria, no entanto, foi breve. Ronaldo morreu pela segunda vez com a ruptura total das ligações do seu joelho direito, na final da Copa da Itália. Milhões de pessoas viram o craque urrar de dor e desespero. Muitos anunciaram o fim. Mas Ronaldo mais uma vez voltou, foi Campeão do Mundo com a seleção em 2002 e artilheiro da Copa, marcando dois gols na final contra a Alemanha.
Ronaldo foi para o Real Madrid fazer parte de um elenco milionário. Apesar do Real não ter conquistado todos os títulos que as cifras diziam que iria conquistar, Ronaldo foi bem, fazendo gols e conquistando vitórias. Mas o corpo já começava a apresentar sinais do tempo.
Em 2006 Ronaldo jogou sua quarta copa do mundo. Não foi brilhante, como a seleção brasileira no geral, mas o fenômeno conseguiu mais um recorde. Com 15 gols tornava-se o maior artilheiro de todas as copas. O último vôo da fênix na seleção brasileira.
Ronaldo foi para o Milan e tudo parecia bem, apesar do problema com o peso. Então, Ronaldo morreu de novo. O outro joelho rompeu os ligamentos. Era o fim definitivo. Ronaldo abandonaria o futebol. Mas ele voltou. No Brasil e no Corinthians. E acabou campeão paulista e da Copa do Brasil em 2009.
Sabe de uma coisa. Ainda bem que foi Ronaldo que acabou com o Santos em 2009 naquela tarde fatídica em Vila Belmiro. Já imaginou se tivesse sido o Souza ou outro jogador qualquer? Isso sim seria humilhação. Mas foi só o Ronaldo, campeão do mundo, da Europa, da Espanha, da Itália, da Holanda, do Brasil, artilheiro de todas as copas. Ontem ele morreu de novo. Mas de algum jeito ele vai acabar voltando. O fenômeno sempre volta.
Fabio Baraldi é formado em Direito, jornalista e trabalha com Publicidade e Propaganda na Oficina de Comunicação
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